Por Wendell Roelf
CIDADE DO CABO (Reuters) - O Parlamento da África do Sul foi tomado pelo caos nesta quinta-feira enquanto políticos da oposição eram retirados à força depois de interromper o discurso anual do presidente, Jacob Zuma, um sinal sem precedentes de descontentamento com sua gestão.
O primeiro discurso do Estado da União do presidente desde sua reeleição em maio tinha sido anunciado como uma oportunidade para destacar as realizações do partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) e seus planos para o próximo ano.
Mas ele teve uma recepção hostil dos parlamentares do partido Lutadores pela Liberdade Econômica (LLE), de extrema-esquerda, liderado pelo ex-líder da ala jovem do CNA Julius Malema, que começou a desafiá-lo com alegações de fraude.
Zuma mal tinha começado a falar quando os membros do LLE começaram a interrompê-lo, exigindo uma explicação do presidente sobre quando ele pagaria parte de uma reforma de segurança avaliada em 23 milhões de dólares em sua casa rural e financiada pelo Estado.
Claramente irritada, a presidente do Parlamento, Baleka Mbete, alertou vários membros do LLE a se sentar antes de pedir que fossem retirados por agentes de segurança, o que levou a uma breve briga em que várias pessoas ficaram feridas, segundo testemunhas.
"Temos visto que somos parte de um Estado policial", disse Malema, cuja camiseta foi rasgada durante o tumulto, a jornalistas depois de ser expulso do Parlamento.
Parlamentares do principal partido de oposição Aliança Democrática (AD) também deixaram o local.
Zuma, em seguida, fez seu discurso sob aplausos e gritos de apoio dos parlamentares do CNA ao destacar os avanços que a África do Sul tem feito desde o fim do regime de minoria branca duas décadas atrás.
A popularidade do presidente tem diminuído, porém, depois do que foi visto como gastos extravagantes em sua casa de campo às custas dos contribuintes e uma forte desaceleração na economia.
(Reportagem adicional de Tiisetso Motsoeneng)