Por Sarah Marsh e Diego Oré
SANTA CRUZ, Bolívia (Reuters) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quinta-feira que deseja restaurar totalmente os laços diplomáticas com os Estados Unidos, mas acrescentou duvidar que isso acontecerá em breve, mesmo após a recente aproximação entre Washington e Cuba.
Morales, membro de destaque do bloco esquerdista sul-americano e um dos líderes mais populares da região, disse à Reuters em entrevista que solicitou um encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, mas ainda não havia recebido resposta.
As relações entre os dois países ruíram em 2008, quando o líder boliviano expulsou o embaixador norte-americano, acusando os EUA de conspirarem para derrubar seu governo. Morales também expulsou do país a agência antidrogas dos EUA.
Questionado se a Bolívia queria restaurar completamente as relações com os EUA, Morales disse: "Temos um forte desejo para que isso aconteça."
A Bolívia é um dos maiores produtores de cocaína do mundo. Os EUA dizem que a obrigação da Bolívia de controlar narcóticos ilegais é um ponto-chave no relacionamento entre os dois países.
Morales, de 55 anos, que frequentemente demonstra uma retórica anticapitalista e anti-EUA, disse que os dois países precisam compartilhar um respeito mútuo antes que os embaixadores possam ser reintegrados. As relações diplomáticas foram primeiramente estabelecidas em 1848.
"O Ministério de Relações Exteriores pediu por uma reunião entre presidentes, mas não houve resposta", disse.
Morales concedeu a entrevista em Santa Cruz, no segundo dia da visita do papa Francisco à Bolívia, em meio às difíceis relações entre a Igreja Católica e o governo boliviano.
Em 2008, Morales classificou a Igreja Católica como um "instrumento de dominação", e um ano depois a igreja teve revogado seu status de religião oficial, em um referendo que declarou a Bolívia um Estado secular.
Durante a entrevista, no hangar presidencial de um pequeno aeroporto em Santa Cruz, Morales disse que havia sido criado como católico, mas acrescentou que as críticas da igreja sobre seu governo, incluindo acusações de que ele tinha um estilo autocrático de liderança, haviam danificado sua confiança.
"Esse tipo de mensagem derruba você", disse. Morales, no entanto, disse que tinha em Francisco, um argentino, um aliado que compartilhava as mesmas causas.