Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Após sofrer fortes cobranças da Fifa e de manifestantes antes da Copa do Mundo, o governo federal está mais aliviado com a preparação para a Olimpíada do Rio de Janeiro e, a um ano do evento, muda o foco para a parte operacional da cidade, que pode melhorar, segundo o secretário executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser.
"Estamos mudando o olhar que era o da entrega dos equipamentos esportivos e da infraestrutura e vamos desviar a atenção para a operação", disse ele em entrevista à Reuters.
"Temos que operar aeroportos, portos, rodovias, segurança pública e até a vigilância sanitária animal com qualidade. Nossos órgãos públicos e empresas públicas podem dar um salto de melhora", acrescentou Leyser.
De acordo com dados da prefeitura do Rio, não há nenhum equipamento olímpico com menos de 60 por cento das obras executadas a um ano da abertura dos Jogos, em 5 de agosto de 2016. O Parque Olímpico, que vai abrigar 16 modalidades, tem mais de 80 por cento das obras prontas.
A preparação olímpica está sendo menos turbulenta em relação ao que ocorreu no Mundial do ano passado, marcado por atrasos, estouros no orçamento e protestos.
"A um ano dos Jogos as coisas estão mais claras para nós. Temos o bom resultado no Pan (Brasil ficou em terceiro). As obras estão bem encaminhadas. É claro que houve dúvidas no começo do percurso, mas quando se chega mais perto, fica mais confortável e visível que as coisas vão acontecer bem", disse o secretário.
Nos últimos dias, o Rio de Janeiro começou a respirar o clima olímpico ao sediar competições de vôlei, triatlo, remo e hipismo, que servem de teste para 2016.
TOP 10 DE MEDALHAS
Faltando um ano para o início dos Jogos, o Ministério do Esporte acompanha também a performance dos atletas brasileiros em competições internacionais. A meta do país para 2016 é ficar entre os 10 primeiros no número total de medalhas, um critério diferente do Comitê Olímpico Internacional (COI), que dá mais peso para as medalhas de ouro.
Em Londres-2012, o Brasil conquistou 17 medalhas, ficando com a 15ª posição por número total de medalhas e a 22ª no quadro oficial. Pelos cálculos do governo, para ficar entre os 10 primeiros, o time brasileiro terá que alcançar ao menos 25 medalhas.
"Historicamente, para ficar entre os 10 tem que ter de 23 a 30 medalhas. Acreditamos que com 25 dá. Sem dúvida há uma tendência de dispersão de medalhas", afirmou Leyser.
Se o objetivo do top 10 não for alcançado, o desempenho não será considerado um fracasso. Um resultado aceitável para o Brasil em casa seria de nono a 12º lugar, de acordo com o secretário do Ministério do Esporte. O mais importante, na avaliação de Leyser, é o salto de qualidade que os Jogos poderão dar ao esporte brasileiro.
"Quando falamos em 10º, (queremos dizer) que podemos ser nono a 12º. Você pode atingir ou não porque não depende só de você. Às vezes se faz o investimento e acha que é suficiente para chegar lá, mas os outros também investiram... tem também a taxa de sucesso", destacou Leyser.
O secretário executivo acredita que a Olimpíada no Rio vai alavancar e difundir a prática de esporte no Brasil. "Esperamos que o brasileiro descubra outras práticas esportivas; o esporte é muito mais que futebol e vôlei e se pode praticar outras modalidades", disse.
"A Olimpíada vai ser a grande alavanca do esporte para o Brasil subir um patamar, aproveitando também o bom momento dos atletas brasileiros em casa. Esse é o grande legado. Queremos ser uma potência não só no quadro de medalhas, mas no acesso dos brasileiros à prática esportiva de qualidade", finalizou o secretário do Ministério do Esporte.