Por Maya Gebeily e Riham Alkousaa
BEIRUTE (Reuters) - Um mediador sênior dos Estados Unidos disse nesta terça-feira que há uma "oportunidade real" para acabar com o conflito entre Israel e Hezbollah e que as diferenças estão diminuindo, sinalizando progresso nos esforços de Washington por um cessar-fogo.
As declarações foram dadas em Beirute pelo enviado da Casa Branca, Amos Hochstein, após conversas com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, um dia depois de o governo libanês e o Hezbollah, apoiado pelo Irã, concordarem com uma proposta de cessar-fogo dos EUA, com alguns comentários sobre o conteúdo.
"Voltei porque temos uma oportunidade real de pôr fim a esse conflito", disse Hochstein em uma entrevista coletiva após a reunião. "Agora está ao nosso alcance. Como a janela é agora, espero que os próximos dias produzam uma decisão resoluta."
A missão de Hochstein marca uma última tentativa do atual governo norte-americano, que está deixando o poder, para conseguir um cessar-fogo no Líbano, já que a diplomacia para acabar com a guerra em Gaza parece totalmente à deriva.
O ministro israelense da Energia, Eli Cohen, disse nesta terça-feira que "há conversas sobre um acordo com o Líbano", mas reiterou que Israel só vai concordar caso todas as suas exigências sejam atendidas, incluindo afastar o Hezbollah da fronteira.
Os esforços diplomáticos coincidem com a intensificação da guerra, com Israel ampliando seus ataques aos subúrbios do sul de Beirute, controlados pelo Hezbollah, e atacando a capital três vezes nos últimos três dias.
O conflito se transformou em uma guerra total em setembro, quando Israel partiu para a ofensiva, atingindo amplas áreas do Líbano com ataques aéreos, enviando tropas para o sul e matando muitos comandantes do Hezbollah, incluindo o líder Hassan Nasrallah.
Hochstein tentou intermediar um cessar-fogo várias vezes no último ano.
O Hezbollah endossou seu aliado de longa data, Berri, como negociador do Líbano. Hochstein voou para Beirute durante a noite após o Líbano entregar sua resposta por escrito a uma proposta de cessar-fogo dos EUA, recebida por Berri na semana passada do embaixador dos EUA.
Israel lançou sua ofensiva depois de quase um ano de hostilidades através das fronteiras com o Hezbollah, que abriu fogo em solidariedade ao aliado palestino Hamas após o ataque do grupo a Israel em 7 de outubro de 2023 levar ao início da atual guerra de Gaza.
O objetivo declarado de Israel é desmantelar as capacidades do Hezbollah e garantir o retorno de dezenas de milhares de israelenses retirados do norte.
Cohen disse nesta terça-feira que Israel pode "fazer um acordo somente se todas as nossas exigências forem atendidas".
Ele afirmou que isso significa fazer com que o Hezbollah recue, garantindo que não possa retornar e recuperar sua força, que os israelenses possam voltar com segurança para o norte e que as forças israelenses tenham "total liberdade de ação, não apenas no caso de um ataque, mas no caso de eles (Hezbollah) tentarem restaurar sua força".
O Líbano rejeitou conceder liberdade de ação a Israel. Berri disse na semana passada que a proposta dos EUA não mencionava isso.
A campanha de Israel no Líbano desalojou mais de 1 milhão de pessoas nas últimas oito semanas.
(Reportagem de Maya Gebeily, Riham Alkoussa, Laila Bassam e Tom Perry em Beirute; Ari Rabinovitch em Jerusalém; Jan Choukier, Clauda Tanios, Nayera Abdallah em Dubai)