SÃO PAULO (Reuters) - O diretor cearense Halder Gomes – e lembrar seu estado de origem é uma informação importante –, faz o lançamento nacional de seu novo filme, “O Shaolin do Sertão”, com um público acumulado de 45 mil espectadores que o viram em 19 cinemas do Ceará, onde estreou antecipadamente.
Como alguns políticos brasileiros, “O Shaolin do Sertão” pega carona no recall do filme anterior do diretor, a comédia “Cine Holliúdy”, de 2013, vista por 484.494 pessoas, e sai em busca de novo recorde.
Produção com acabamento técnico mais apurado do que o do filme anterior, “O Shaolin do Sertão” tem tudo para se tornar um novo sucesso de bilheteria, com uma história divertida e elenco afinado, principalmente Edmilson Filho e o menino Igor Jansen, que formam uma dupla cômica no estilo das velhas comédias nacionais e do humor físico do cinema mudo.
E, o que é mais forte, a ambientação regional, privilegiando o cenário, as tradições e até as gírias cearenses (reais ou inventadas), que também explica o sucesso da produção anterior. A mensagem mais óbvia é que é possível, sim, fazer filmes populares sem o baixo nível e os roteiros indigentes das recentes comédias nacionais.
Edmilson interpreta Aluízio Liduíno, o Aluízio Li, que trabalha numa padaria em Quixadá, no interior do Ceará, em 1982. Ele é apaixonado por artes marciais e pela filha do padeiro, Anésia Shirley (Bruna Hamú), noiva de Armandinho (Marcos Veras).
Em seus sonhos, ele se vê como um shaolin capaz de derrotar uma legião de lutadores de kung fu e salvar a donzela, não por acaso a bela Anésia, prisioneira dos vilões. No sonho, as aventuras se passam como num filme em videocassete, a tecnologia da época, no qual um jovem mentor chinês lhe transmite ensinamentos – em mandarim, claro –, numa paródia à relação de David Carradine e seu mestre, do seriado “Kung Fu”, dos anos 1970.
Saindo dos sonhos, a vida em Quixadá não lhe é nada favorável. Ridicularizado pela sua obsessão com as artes marciais e impedido pelo dono da padaria, Seu Zé (Dedé Santana), de se aproximar da filha, Aluízio vê sua vida mudar quando o prefeito, Rossivaldo (Frank Menezes), o convoca para enfrentar o lutador Toni Tora Pleura (Fábio Goulart) num combate de luta livre que será realizado na cidade.
Toni encarna o tipo feroz e implacável dos antigos tele-catch televisivos e não encontra rival. O prefeito quer ganhar prestígio político e faturar com as apostas. Financiado pelo prefeito, Aluízio sai em busca de treinamento por um suposto mestre chinês que vive em outra cidade.
Acompanhado de Piolho (Igor Jansen), um menino esperto que acredita em suas fantasias, mas não deixa de alertá-lo para a vida real, Aluízio cai nas mãos de um espertalhão (Falcão), que se faz passar pelo chinês e concorda em treiná-lo nas artes marciais, em troca de bom pagamento. Mesmo que, por acaso, por vias tortas, esses “ensinamentos” sejam importantes para o confronto decisivo com Toni Tora Pleura. Mas, como já ensinou outro mestre, Muhammad Ali, dance no ringue, abrace seu oponente, aguente a parada e seja o que Deus quiser.
(Por Luiz Vita, do Cineweb)
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