SÃO PAULO (Reuters) - “O Jovem Messias” coloca uma questão interessante: por que se sabe tão pouco sobre a infância de Jesus Cristo? Bem, a partir do filme depreende-se que é porque ela foi extremamente tediosa.
Baseada no romance “Cristo Senhor: A Saída do Egito”, de Anne Rice (autora de “Entrevista com o Vampiro”), a adaptação nada empolga, seja por sua falta de criatividade, direção burocrática ou ausência de carisma do pequeno protagonista, interpretado pelo monocórdico Adam Greaves-Neal.
O filme imagina Jesus com a idade de 7 anos. Como toda criança, ele quer ter uma vida livre e brincar – mas o peso de sua responsabilidade já recai sobre ele, pois é capaz, entre outras coisas, de ressuscitar os mortos. A trama é uma espécie de road movie bíblico, acompanhando o garoto, Maria (Sara Lazzaro) e José (Vincent Walsh) e mais algumas pessoas fugindo de Alexandria até Nazaré, e, por fim, Jerusalém.
Desde logo, o protagonista já é prejudicado pelo demônio (Rory Keenan), que causa a morte de um garoto e faz a culpa recair sobre Jesus. Mesmo trazendo o morto de volta à vida, o menino sofre bullying da aldeia onde vive, o que obriga sua família a começar a jornada. Enquanto isso, um decadente Herodes (Jonathan Bailey) manda um soldado Severus (Sean Bean) capturar Jesus.
Maria e José querem proteger seu filho, por isso não revelam quem é seu verdadeiro Pai, acreditando que a ignorância do garoto o pouparia de problemas sociais e dúvidas pessoais. Isso, no entanto, não impede o menino de ter conversas com o Criador e continuar fazendo milagres pelo caminho.
Dirigido pelo norte-americano de origem iraniana Cyrus Nowrasteh (“O Apedrejamento de Soraia M.”) – que assina o roteiro com sua mulher Betsy Giffen Nowrasteh –, “O Jovem Messias” é, acima de tudo, um filme que não se arrisca, uma fantasia sem imaginação ou tensão.
Acompanha-se uma viagem sem graça de personagens cujos olhares facilmente se perdem no horizonte. Sempre muito bonitos e bem arrumados, poderiam muito bem estar num ensaio de moda da História Antiga, com suas caras de modelos.
Já o jovem que interpreta Jesus tem uma interpretação tão plana que em momento algum se acredita nas questões terrenas e espirituais. Com isso, não há tensão ou suspense que justifiquem a narrativa. Seu maior milagre seria manter o público acordado.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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