SÃO PAULO (Reuters) - Longa de estreia do jovem diretor Miles Joris-Peyrafitte, o drama “Como Você É” mereceu consagração imediata no Festival de Sundance 2016, vencendo o Grande Prêmio do Júri.
Corroteirista, ao lado de Madison Harrison, Peyrafitte desenvolve com surpreendente perícia e envolvimento emocional a história de um trio de adolescentes nos anos 1990. Isolados numa sonolenta cidadezinha norte-americana, eles desenvolvem laços profundos, driblando o tédio e problemas com os pais e a escola com toda a energia de que são capazes.
A história começa em tom misterioso, apontando para um crime. O filme desenvolve-se, assim, em flashbacks, mostrando uma sucessão de depoimentos numa delegacia, vendo-se quase todos os personagens –fica óbvio quem é a vítima pela ausência, que a partir de um determinado ponto se estabelece.
O trio principal é formado por Jack (Owen Campbell, da série “Boardwalk Empire”), Mark (Charlie Heaton, da série “Stranger Things”) e Sarah (Amandla Stenberg). Jack e Mark tornaram-se “irmãos”, depois que a mãe de Jack, Karen (Mary Stuart Masterson), e o pai de Mark, Tom (Scott Cohen), resolveram morar juntos.
Contrariamente à média destas situações, os dois garotos conectam à primeira vista e se tornam companheiros, aliados também diante das violentas explosões de Tom contra o filho.
Sarah entra na vida deles depois que os dois são vítimas de uma surra pelos “bullies” locais. É acolhida no trio, acendendo também o rastilho do desejo entre um e outro. O despertar sexual num ambiente reprimido abre a porta para outras pulsões que, afinal, trazem a tragédia.
Abordando situações complexas em torno de sexo, drogas, armas e violência familiar, “Como Você É” demonstra carinho e generosidade por estes jovens personagens, delineando com cuidado suas personalidades e dilemas a partir de uma visão de dentro do círculo de afeto e cumplicidade que eles formam. Ajuda muito, certamente, o fato de que o diretor e corroteirista tem apenas 23 anos.
Confiante e rigoroso como é, inclusive em termos técnicos como fotografia e trilha (o título remete ao sucesso do Nirvana, “Come as You Are”), o filme mostra-se também um pouquinho esticado. Mas, de modo geral, cria perfeitas condições para que o público encontre empatia com estes personagens.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20161207T175207+0000