Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - As áreas naturais intocadas estão desaparecendo da Terra em um ritmo alarmante, e cerca de 10 por cento das regiões selvagens – uma área duas vezes maior do que o Alasca – foram perdidas nas duas últimas décadas em meio ao desenvolvimento humano inexorável, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.
A América do Sul, que perdeu 30 por cento de sua região selvagem neste período, e a África, que perdeu 14 por cento, foram os continentes mais atingidos, afirmaram. O principal catalisador das perdas globais foi a destruição de regiões selvagens para a agricultura, o desmatamento e a mineração.
O estudo dos pesquisadores, publicado no periódico científico Current Biology, foi o mais recente a documentar o impacto das atividades humanas em escala global, que afeta o clima, as paisagens, os oceanos, os recursos naturais e a vida selvagem da Terra.
Os pesquisadores mapearam as regiões selvagens do mundo, excluindo a Antártida, e compararam os resultados com um mapa de 1993 que usou os mesmos métodos.
Eles descobriram que 30,1 milhões de quilômetros quadrados de todo o mundo continuam sendo áreas selvagens, definidas como regiões biológica e ecologicamente intactas, sem nenhum distúrbio humano perceptível. Desde a estimativa de 1993, 3,3 milhões de quilômetros quadrados de regiões selvagens desapareceram, segundo determinaram.
"Isso é incrivelmente triste, porque não podemos compensar ou restaurar esses lugares. Uma vez que tenham sumido, sumiram, e isso tem implicações chocantes para a biodiversidade, a mudança climática e a biodiversidade mais ameaçada do planeta", disse o conservacionista James Watson, da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Wildlife Conservation Society de Nova York.
As perdas de regiões selvagens nas duas últimas décadas consistiram em uma área combinada de cerca de metade da vasta região Amazônica.
Watson, que liderou o estudo, disse que cerca de um quarto da superfície terrestre da Terra continua em estado selvagem, particularmente no centro da África, na região Amazônica, no norte da Austrália, nos Estados Unidos, no Canadá e na Rússia. As perdas foram mais intensas nas duas primeiras regiões.
"Precisamos nos concentrar na qualidade dos habitats e na manutenção de alguns lugares na Terra que continuam essencialmente intocados por nós", afirmou Watson.
"Estamos ficando sem tempo e estamos ficando sem espaço. Se a sociedade fizesse a pergunta 'o que a natureza precisa?', estes lugares se tornariam uma prioridade global para a ação ambiental."