Por Jeff Mason e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos declararam nesta segunda-feira que a Venezuela é uma ameaça à segurança nacional e ordenaram sanções contra sete funcionários, o pior incidente diplomático com o país rico em petróleo desde que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assumiu em 2013.
O presidente norte-americano, Barack Obama, emitiu e assinou a ordem executiva, que autoridades do alto escalão disseram não visar o setor energético ou a economia da Venezuela como um todo.
Mas a medida aumenta a tensão entre Washington e o país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no momento em que as relações entre os EUA e Cuba, outro inimigo de longa data na América Latina e aliado da Venezuela, encaminham-se para a normalização.
Declarar que um país é uma ameaça à segurança nacional é o primeiro passo para se iniciar um regime de sanções. O mesmo processo foi aplicado a países como Irã e Síria, disseram autoridades norte-americanos.
A Casa Branca declarou que a ordem executiva foca pessoas cujas ações minaram processos ou instituições democráticos, cometeram atos de violência ou abuso dos direitos humanos, tiveram envolvimento na proibição ou penalização da liberdade de expressão ou são funcionários do governo envolvidos em corrupção pública.
"Autoridades venezuelanas de ontem e de hoje que violam os direitos humanos de cidadãos venezuelanos ou cometem atos de corrupção pública não serão bem-vindas aqui, e agora temos as ferramentas para bloquear seus bens e seu acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em comunicado.
"Estamos profundamente preocupados com os esforços do governo venezuelano para escalar a intimidação a seus opositores políticos. Os problemas da Venezuela não podem ser resolvidos criminalizando a discórdia", acrescentou.
A ministra das Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodríguez, disse a repórteres que Caracas reagiria à manobra dos EUA em breve, e mais tarde publicou uma mensagem no Twitter anunciando que estava convocando para consultas o encarregado de negócios venezuelano em Washington.
Os dois países não mantêm representações diplomáticas plenas desde 2008, quando o líder socialista falecido Hugo Chávez expulsou o então embaixador norte-americano Patrick Duddy. Naquela época, Washington respondeu expulsando o enviado venezuelano Bernardo Álvarez.
A lista de indivíduos alvos das sanções norte-americanas inclui o chefe do serviço estatal de inteligência Sebin, Gustavo González; o diretor da polícia nacional, Manuel Perez; ex-comandante da Guarda Nacional que agora administra a mineradora estatal CVG, Justo Noguero. Ainda, estão na lista três outros militares e um procurador estatal.
Os indivíduos nomeados na ordem executiva terão suas propriedades e bens nos EUA bloqueados ou congelados e não poderão entrar no país. Cidadãos norte-americanos tampouco terão permissão de fazer negócios com eles.
JOGO DE CULPA
A Casa Branca ainda conclamou a Venezuela a libertar todos os presos políticos, entre eles "dezenas de estudantes", e alertou o país para que não culpe Washington pelos seus problemas.
Os funcionários dos EUA enfatizaram que as eleições legislativas deste ano na Venezuela devem ser realizadas sem intimidação aos rivais do governo.
Na semana passada, Washington declarou que iria responder pelos canais diplomáticos à exigência venezuelana de um corte no número de funcionários da embaixada dos EUA em Caracas depois de o governo solicitar um plano dentro de 15 dias para reduzir o efetivo de 100 para 17 pessoas.
(Reportagem adicional de Brian Ellsworth e Andrew Cawthorne, em Caracas)