WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos não podem simplesmente ignorar os comentários de Benjamin Netanyahu desaprovando uma solução de dois Estados para o conflito palestino e espera que o próximo governo de Israel demonstre seu comprometimento com a medida, vista por Washington como a melhor esperança de paz para a região, disse o chefe de gabinete da Casa Branca, Denis McDonough, nesta segunda-feira.
McDonough deixou claro que a Casa Branca continua incomodada com os comentários feitos por Netanyahu na véspera da eleição em Israel, quando o premiê disse que não permitiria a criação de um Estado palestino enquanto estivesse no poder.
"Os Estados Unidos gastaram uma tremenda energia com esse objetivo", disse McDonough em um discurso para o grupo liberal judeu J Street. "É por isso que as declarações do primeiro-ministro... foram muito perturbadoras."
"Não podemos simplesmente fingir que tais comentários nunca foram feitos", acrescentou McDonough. Netanyahu venceu a eleição de 17 de março em Israel e está trabalhando para formar uma nova coalizão de governo.
McDonough, um dos principais auxiliares do presidente dos EUA, Barack Obama, reafirmou o antigo posicionamento dos EUA contra a construção de assentamentos judeus em território reivindicado pelos palestinos, questão de grande sensibilidade nas negociações de paz para o Oriente Médio.
"Vamos continuar a nos opor às atividades de assentamento, pois isso prejudica os prospectos de paz", afirmou ele.
As declarações do chefe de gabinete da Casa Branca provocaram elogios entre os ouvintes do J Street.
O grupo, que defende a convivência entre dois Estados, posicionou-se contra Netanyahu durante a campanha eleitoral e criticou duramente o recuo do premiê na questão do Estado palestino e também em relação a comentários feitos por ele acusando esquerdistas estrangeiros de tentarem derrubá-lo ao transportarem árabes israelenses até as urnas.
(Reportagem de Doina Chiacu)