WASHINGTON (Reuters) - A Casa Branca insistiu nesta segunda-feira que a política de "China única" praticada por Washington não deve ser usada como "moeda de troca" nas relações com Pequim, após o presidente eleito Donald Trump ter dito que os Estados Unidos não necessariamente têm que continuar com sua posição de longa data de que Taiwan é parte da China.
Sinalizando que Trump enfrentará ainda mais resistência em Washington se tentar modificar um princípio que sustentou as relações entre Estados Unidos e China, o senador republicano John McCain disse que apoia pessoalmente a "política sobre a China" e ninguém deveria "tirar conclusões" de que o presidente eleito a abandonaria.
"Eu não respondo a todos os comentários em nome do presidente eleito, porque podem ser revogados no dia seguinte" disse McCain à Reuters quando questionado sobre a declaração de Trump em uma entrevista à TV transmitida no fim de semana.
Trump desencadeou uma tempestade diplomática quando disse à Fox News: "Eu não sei por que temos que ficar presos a uma política de " China única" a menos que façamos um acordo com a China que tenha a ver com outras coisas, incluindo o comércio". Isso se seguiu a um protesto anterior da China sobre a decisão do presidente eleito republicano de aceitar uma ligação telefônica da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em 2 de dezembro.
A questão é altamente sensível para a China, que considera Taiwan uma província renegada, e Pequim expressou "séria preocupação" com as últimas observações de Trump.
Alguns analistas norte-americanos alertaram que Trump pode provocar um confronto militar se levar a questão de Taiwan muito adiante. Scott Kennedy, diretor do Projeto de Negócios e Políticas Econômicas Chinesas do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, considerou Taiwan "o terceiro trilho das relações entre EUA e China".
(Por Ayesha Rascoe e Matt Spetalnick; reportagem adicional por David Brunnstrom, Jonathan Landay, Doina Chiacu e Eric Walsh)