Por Jonathan Landay e Michael Martina
WASHINGTON (Reuters) - A ameaça de a Rússia potencialmente usar armas nucleares táticas ou de baixo rendimento na Ucrânia não pode ser encarada sem seriedade, mas a CIA não viu muitas evidências práticas reforçando essa preocupação, disse o diretor da agência de inteligência, William Burns, nesta quinta-feira.
Os comentários públicos mais extensos de Burns desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro enfatizaram as preocupações de que o maior ataque contra um Estado europeu desde 1945 corre o risco de escalar para o uso de armas nucleares.
Mais cedo nesta quinta-feira, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin, alertou a Otan que Moscou implantaria armas nucleares e mísseis hipersônicos em Kaliningrado, um enclave russo no coração da Europa, se a Suécia e a Finlândia aderirem à aliança atlântica.
Burns falou na Georgia Tech sobre o "potencial desespero" e os contratempos enfrentados por Putin, cujas forças sofreram pesadas perdas e foram forçadas a recuar de algumas partes do norte da Ucrânia depois de não conseguirem capturar Kiev.
Por essas razões, "nenhum de nós pode ignorar a ameaça representada por um potencial recurso a armas nucleares táticas ou armas nucleares de baixo rendimento", disse Burns.
Dito isso, apesar da “postura retórica” do Kremlin sobre colocar o maior arsenal nuclear do mundo em alerta máximo, “não vimos muitas evidências práticas do tipo de desdobramentos ou disposições militares que reforçariam essa preocupação”.
Armas nucleares táticas e de baixo rendimento referem-se àquelas projetadas para uso no campo de batalha, das quais alguns especialistas estimam que a Rússia tenha cerca de 2.000 que podem ser usadas por forças aéreas, navais e terrestres.