BERLIM (Reuters) - A União Europeia corre o risco de se fragmentar a menos que a França e a Alemanha, em particular, trabalhem mais duro para estimular o crescimento e o emprego e atentem para as preocupações dos cidadãos, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, na capital alemã nesta quinta-feira.
Valls disse que os dois países, que durante décadas foram o eixo ao redor do qual a UE gira, têm que ajudar o bloco a voltar a se focar na crise imigratória, na falta de solidariedade entre os países-membros, na saída iminente do Reino Unido e no terrorismo.
"A Europa está correndo risco de desmoronar", afirmou Valls em um evento organizado pelo jornal Sueddeutsche Zeitung. "Por isso, Alemanha e França têm uma responsibilidade enorme".
O premiê disse que sua nação deve continuar a abrir a economia, o que implica reduzir a taxação das empresas, e que Berlim e a UE como um todo devem aumentar os investimentos que estimulariam o crescimento e a criação de empregos, além de reforçar a defesa.
No momento em que Londres tenta negociar sua relação pós-desfiliação com a UE, esperando restringir a imigração do bloco mas mantendo tanto acesso quanto possível a seu mercado comum, Valls disse que não se deve permitir que os britânicos sejam muito exigentes.
"Se eles puderem ter todas as vantagens da Europa sem os inconvenientes, estamos abrindo uma janela para outros deixarem a União Europeia", argumentou.
A imigração foi um dos principais catalisadores do referendo de separação do Reino Unido da UE, e Valls disse que o bloco, no qual mais de um milhão de imigrantes entraram no ano passado, tem que retomar o controle de suas fronteiras.
Ele disse que o referendo britânico e a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos mostraram como é importante ouvir os cidadãos revoltados, e que os políticos que temem tomar decisões estão abrindo a porta para populistas e demagogos.