Por Marc Frank
HAVANA (Reuters) - O ex-líder cubano Fidel Castro acusou o presidente norte-americano, Barack Obama, de usar palavras açucaradas para tentar persuadir o povo cubano e ignorar os feitos do regime comunista, durante sua visita à ilha na semana passada, em artigo de opinião divulgado por toda a mídia estatal de Cuba nesta segunda-feira.
A visita de Obama teve como objetivo consolidar uma distensão em andamento entre os ex-rivais da Guerra Fria, e o presidente dos EUA disse em discurso ao povo cubano que esse é o momento para ambas as nações colocaram o passado para trás e enfrentarem o futuro "como amigos, como vizinhos e como família, juntos".
Fidel disse em seu artigo que os cubanos correm o risco de sofrer "um ataque cardíaco ao ouvir essas palavras", repudiando os comentários de Obama e lembrando aos cubanos dos esforços norte-americanos para enfraquecer o governo comunista de Cuba.
Fidel, de 89 anos, encheu seu artigo de opinião com sentimentos nacionalistas e, comentando a ajuda a Cuba oferecida por Obama, disse que o país tem capacidades para produzir comida e bens materiais necessários com o esforço de seu próprio povo.
"Não precisamos que o império nos dê nada", escreveu.
Fidel Castro tomou o poder em uma revolução em 1959 e governou o país até 2006, quando adoeceu e passou o poder para seu irmão Raúl Castro. Atualmente vive em relativo isolamento, mas ocasionalmente escreve artigos de opinião e é visto em fotos ou vídeos em visitas de autoridades estrangeiras.
Obama não se encontrou com Fidel durante a visita de três dias a Cuba, nem o mencionou em qualquer uma das suas aparições públicas. Essa foi a primeira visita de um presidente dos EUA em exercício à ilha em 88 anos.