Por Ju-min Park
SEUL (Reuters) - Um tribunal sul-coreano condenou a filha do presidente da Korean Air Lines a um ano de prisão por considerá-la culpada por um incidente a bordo de um avião em Nova York, relacionado ao modo como lhe serviram nozes na primeira classe.
Heather Cho, ex-chefe do serviço de bordo da companhia, violou a lei ao ordenar que o avião retornasse para o portão de embarque depois de ter começado a taxiar em 5 de dezembro, decidiu o tribunal nesta quinta-feira.
Cho exigiu que a chefe da tripulação fosse expulsa do voo depois que lhe serviram macadâmia em um saquinho, e não em um prato. O avião com destino à Coreia do Sul tinha começado a se afastar do portão e teve de retornar.
O episódio passou a ser chamado de "fúria das nozes" e provocou desprezo e indignação em um país cuja economia é dominada por conglomerados familiares conhecidos como "chaebol", e onde boa parte da população está farta de ver que os ricos e poderosos escapam de punições na Justiça quando agem errado.
"Este é um caso em que a dignidade humana foi pisoteada", disse o juiz Oh Sung-woo.
O tribunal afirmou ter levado em conta que Cho é mãe de gêmeos de 20 meses de idade e já havia sofrido com o caso, mas acrescentou que a sua conduta tinha prejudicado seriamente as vítimas. Cho, de 40 anos, está sob custódia desde 30 de dezembro.
"É meu entendimento que ela está arrependida", disse seu advogado, Suh Chang-hee, acrescentando que iria discutir a possibilidade de recorrer contra a decisão. A Korean Air não quis comentar o caso.
Em uma carta ao tribunal lida pelo juiz, Cho disse que "lamentava sinceramente por aqueles que foram prejudicados".
Cho estava com o uniforme verde da prisão e baixou a cabeça, com os cabelos longos escondendo o rosto, quando o juiz leu o veredicto. Ela chorou no momento em que o magistrado leu a sua carta com o pedido de desculpas.
Os promotores haviam pedido uma pena de três anos de prisão se Cho fosse condenada por violar a lei de aviação e por outra acusação, de sua posição para obstruir o processo legal. O tribunal considerou que ela não era culpada da segunda acusação e condenou outro executivo da empresa a oito meses de prisão por tentar interferir na investigação do governo.
Cho, que renunciou a seu cargo após o incidente, é a mais velha dos três filhos do presidente da Korean Air, Cho Yang-ho. Seus irmãos também trabalham na companhia aérea.