PARIS/MOSCOU/BEIRUTE (Reuters) - A França está lançando um novo esforço pelo apoio da Organização das Nações Unidas a um cessar-fogo na Síria que permitiria a chegada de ajuda à cidade de Aleppo, depois de alguns dos bombardeios mais pesados da guerra.
À medida que esforços diplomáticos são retomados, os militares sírios afirmaram que comandantes do Exército haviam decidido reduzir os ataques aéreos e bombardeios em Aleppo para aliviar a situação humanitária no lugar.
Os militares disseram que civis no leste de Aleppo, região controlada pelos rebeldes, estavam sendo usados como escudos humanos e que menos bombardeios permitiriam que as pessoas partissem para regiões mais seguras.
Os bombardeios intensos sírios e russos nas áreas controladas por rebeldes em Aleppo, cidade no norte da Síria, ocorreram depois do fim no mês passado de um cessar-fogo negociado por Moscou e Washington, que dá apoio a alguns dos grupos rebeldes. Os Estados Unidos deixaram as negociações com a Rússia na segunda-feira, a acusando de não respeitar compromissos.
O ministro do Exterior da França, Jean-Marc Ayrault, viajaria para a Rússia e para os EUA na quinta-feira e na sexta-feira para tentar convencer os dois lados a adotar uma resolução do Conselho de Segurança para impor uma nova trégua.
Ayrault acusa a Síria, apoiada pela Rússia e pelo Irã, de crimes de guerra, parte de uma “guerra completa” contra a sua população. Damasco rejeita a acusação e diz que somente combate terroristas.
Falando a um canal de TV francês, Ayrault afirmou: “Se você é cúmplice em crimes de guerra, um dia você vai ser responsabilizado, inclusive legalmente. Eu acho que com os russos você tem que falar a verdade e não tentar agradá-los”.
O ex-primeiro-ministro afirmou que ele também pediria a Washington para ser “mais eficiente e engajado” e não permitir que uma atitude descompromissada passe a dominar somente porque as eleições presidenciais de novembro estão se aproximando.
O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, discutiram a Síria pelo telefone nesta quarta-feira, mas nenhum detalhe foi divulgado. O Ministério do Exterior da Rússia confirmou que Lavrov se encontraria com Ayrault em Moscou na quinta.
A ofensiva de duas semanas do governo sírio com o apoio russo visa capturar o leste de Aleppo e terminar com o último reduto urbano de uma revolta contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, que começou em 2011.
Metade dos estimados 275 mil sírios cercados no leste da cidade querem partir, disseram as Nações Unidas, com a falta de comida e as pessoas queimando plástico como combustível.
Segundo relatos, mães estão amarrando cordas em volta da barriga ou bebendo muita água para reduzir a sensação de fome e priorizar a comida para as crianças, disse em Genebra a coordenação das Nações Unidas para temas humanitários.
(Por John Irish, Lidia Kelly e Angus McDowall)