Por Sharon Begley
NOVA YORK (Reuters) - As mortes de crianças no mundo inteiro serão reduzidas pela metade ao longo dos próximos 15 anos, haverá uma cura em dose única para a malária, e a poliomielite, a doença do verme da Guiné e a oncocercose serão erradicadas.
As previsões aparecem na carta anual da Fundação Bill & Melinda Gates, presidida pelo cofundador e ex-executivo-chefe da Microsoft e sua mulher.
Divulgada nesta quinta-feira, a carta prevê uma longa lista de avanços em saúde e desenvolvimento global até 2030, incluindo metas como a África ser capaz de alimentar-se, em vez de depender da importação de alimentos.
No entanto, nada disso será alcançado facilmente.
"Ainda será preciso haver algumas descobertas", disse Melinda Gates em entrevista. A fundação mais rica do mundo já ajudou a produzir grandes avanços, incluindo vacinas contra rotavírus e pneumonia, que causam a morte de muitas crianças.
A fabricação de vacinas é "o nosso maior sucesso", declarou Bill Gates na entrevista.
Fundada em 2000, a fundação distribuiu 3,6 bilhões de dólares em subvenções em 2013, em especial para a saúde e desenvolvimento mundial, e tinha 42,3 bilhões dólares em ativos no final de 2014.
"Estamos dobrando a aposta que fizemos há 15 anos, e pegando ambiciosas metas para o que for possível daqui a 15 anos", escreveram eles. "A vida das pessoas em países pobres vai melhorar mais rápido nos próximos 15 anos" do que nunca.
Em 1990, 10 por cento das crianças do mundo morriam antes dos 5 anos de idade. Esse número agora é de 5 por cento. Em 2030, apenas 1 em cada 40 morrerá nessa faixa de idade, graças a práticas mais saudáveis de acolhimento de crianças, como a amamentação, melhor saneamento e vacinas.
Nos próximos 15 anos, eles acreditam que os agricultores na África terão acesso a melhores fertilizantes e suas lavouras serão mais resistentes à seca e às doenças, permitindo que o rendimento dobre. E os medicamentos doados, como os distribuídos gratuitamente para 800 milhões de pessoas no ano passado, podem deter a poliomielite, elefantíase e outros flagelos.
A fundação é também um dos maiores doadores da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem sido acusada de ter dado uma resposta caótica e tardia à epidemia de Ebola na África Ocidental no ano passado.
"Nós poderíamos ter feito essa epidemia menor", disse Bill Gates. A entidade assistencialista "Médicos sem Fronteira" é a única a sair dessa com um A", afirmou.
Gates acrescentou, porém, que a OMS está fazendo um bom trabalho com a autocrítica sobre sua resposta ao Ebola.
"Espero que nós usemos essa epidemia para aprender para a próxima, porque haverá uma próxima", acrescentou Gates.