Por Megan Rowling
LIMA (Thomson Reuters Foundation) - O Fundo Clima Verde irá investir em projetos de energia que se distanciem do "mesmo de sempre" e tenham um impacto significativo para frear a mudança climática, afirmou a diretora-executiva da entidade.
"Acho que existe uma ânsia genuína para avançar as fronteiras, avançar naquelas áreas que até agora não foram o grosso dos investimentos em termos de tecnologia", disse Héla Cheikhrouhou à Thomson Reuters Foundation.
Seus comentários ocorreram depois de grupos ambientalistas e agências de desenvolvimento enviarem uma carta na semana passada pedindo ao ainda recente Fundo Clima Verde (GCF, na sigla em inglês) que adote uma política explicitando que seus fundos não serão usados direta ou indiretamente para financiar combustíveis fósseis ou outras iniciativas de energia poluente.
O pedido veio na esteira das revelações de que o Japão emprestou cerca de 1 bilhão de dólares de seu financiamento climático inicial para construir três usinas a carvão na Indonésia.
"Não podemos permitir que a indústria de combustíveis fósseis, cujos produtos são a principal causa da mudança climática, tomem os fundos limitados concebidos para se reagir aos impactos devastadores da mudança climática", declarou Samantha Smith, líder da iniciativa de clima e energia do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), em um comunicado na carta.
"A energia renovável deve ser priorizada na distribuição dos fundos climáticos, e os combustíveis fósseis, excluídos", acrescentou.
Héla Cheikhrouhou disse que o conselho do Fundo Clima Verde identificou três áreas principais da tecnologia energética: soluções de energia limpa, cidades e indústrias eficientes e transporte limpo.
"Nestas três áreas de resultado... existe um desejo claro de se distanciar radicalmente do mesmo de sempre", declarou em uma entrevista Héla, que participa da cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em Lima, no Peru.
O fundo –que angariou promessas adicionais de doadores na terça-feira, elevando o total de contribuições acima da meta informal de 10 bilhões de dólares– irá alocar recursos para ajudar países mais pobres a adotarem sistemas de energia mais limpa e lidar com os impactos da mudança climática de acordo com seis critérios, informou sua diretora-executiva.
Mediante estes, "eles precisam nos provar que se trata de algo que incentiva uma mudança de paradigma, e que seu impacto climático é bastante significativo", acrescentou.
O dinheiro começará a chegar aos projetos em seus locais em 2016, disse, e exortou mais países, inclusive nações em desenvolvimento, a se unirem aos 24 que já contribuíram para o fundo.