Por Megan Rowling
MARRAKESH, Marrocos (Thomson Reuters Foundation) - As negociações de Marrakesh sobre o clima podem não resultar em um reforço substancial em um financiamento internacional para ajudar países pobres a lidar com o agravamento das enchentes, secas, tempestades e elevação do nível dos mares em decorrência da mudança climática, disseram negociadores e instituições de fomento que temem pela falta de um impulso nos recursos.
Um diálogo ministerial ocorrido durante as conversas de quarta-feira não rendeu nada de muito concreto além de algumas promessas de Estados europeus para fundos de adaptação criados durante as negociações na Organização das Nações Unidas (ONU), disseram.
Os países em desenvolvimento presentes em Marrakesh vêm fazendo apelos consistentes e apaixonados por mais financiamento que os ajude a se ajustar às alterações climáticas crescentes – mas até agora estas promessas vêm caindo em uma maioria de ouvidos moucos, segundo seus representantes.
Frank Bainimarama, primeiro-ministro de Fiji, nação-ilha do Oceano Pacífico, falou sobre a "nova era aterrorizante que enfrentamos por causa da mudança climática" depois que um ciclone intenso arrasou um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) de sua nação este ano.
Fiji precisa ter acesso a financiamento para poder se adaptar aos efeitos da mudança climática por meio de ações como o fortalecimento de residências e infraestrutura, o enterramento de linhas de energia e a realocação de pessoas, explicou.
Ele criticou o nível atual de financiamento governamental internacional para nações mais pobres se adequarem às pressões climáticas, classificando-o como "terrivelmente inadequado".
De acordo com um "roteiro" recente de países ricos que delineia como estes irão mobilizar os 100 bilhões de dólares anuais do fundo climático que prometeram até 2020, o valor alocado especificamente para adaptação em 2013 e 2014 foi de quase 10 bilhões de dólares por ano, ou cerca de 16 por cento do total.
A estimativa mais recente da ONU coloca a porção do fundo climático destinada à adaptação em uma cifra um pouco maior – cerca de 25 por cento.
O roteiro dos doadores projeta que o montante do financiamento internacional para a adaptação irá ao menos dobrar em volume até 2020.
Mas isso ainda ficaria muito aquém do "equilíbrio" no financiamento dividido entre medidas de adaptação e passos para o corte de emissões recomendado no novo acordo climático firmado em Paris no ano passado.
"Dobrar não basta", disse Lutz Weischer, do centro de estudos Germanwatch. "Temos que elevá-lo de forma muito mais agressiva".
Os países em desenvolvimento querem quadruplicar o fundo de adaptação em relação aos níveis atuais, e esperavam que os Estados ricos respondessem a esse clamor na cúpula de Marrakesh, que termina na sexta-feira – mas especialistas em finanças climáticas dizem que isso parece improvável.