Por Adrian Croft
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia aprofundou as sanções contra a Rússia nesta sexta-feira por conta de seu papel na crise ucraniana, restringindo o acesso dos maiores bancos russos e de empresas de defesa e energia a linhas de financiamento e congelando os bens de políticos do alto escalão e de líderes rebeldes.
Os Estados Unidos devem seguir o mesmo caminho e impor sanções mais severas ainda nesta sexta-feira, aumentando a pressão sobre o presidente russo, Vladimir Putin, desde que a Rússia anexou a Crimeia, região da Ucrânia, e enviou soldados para apoiarem os separatistas pró-Rússia no leste ucraniano.
Mas o agravamento das sanções da UE se depara com uma oposição crescente de uma série de países do bloco que temem uma retaliação da Rússia, sua maior fornecedora de energia.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que a UE está "escolhendo o caminho do rompimento do processo de paz" e que Moscou irá reagir "calmamente, adequadamente e, acima de tudo, baseado na necessidade de defender nossos interesses", segundo relatou a agência de notícias Interfax.
Em um gesto para apaziguar os críticos, a UE afirmou que pode anular algumas ou até todas as sanções dentro de semanas – se Moscou respeitar a frágil trégua na Ucrânia e o plano de paz.
Ao publicar a mais recente lista de sanções, os governos do bloco europeu declararam ser "apropriado adotar novas medidas de restrição em reação às ações da Rússia na desestabilização da Ucrânia".
A Rússia, por sua vez, proibiu todas as importações de alimentos dos EUA e frutas e vegetais da Europa em resposta às sanções anteriores do Ocidente. As próximas reações podem incluir limites à importação de carros usados e outros bens de consumo, teria dito uma autoridade do Kremlin na quinta-feira.
Ao mesmo tempo em que agrava as punições, a União Europeia irá dar mais tempo para que Moscou se ajuste ao pacto de comércio do bloco com a Ucrânia, que será discutido nesta sexta-feira em Bruxelas, disseram diplomatas.
ALVOS DAS SANÇÕES
As sanções mais recentes contemplam o congelamento de bens e a proibição de viagens de Igor Lebedev e outros vice-presidentes da câmara baixa do Parlamento russo, de Vladimir Jirinovsky, verborrágico político nacionalista e de uma série de líderes separatistas do leste da Ucrânia.
Outro alvo foi Sergei Chemezov, descrito como associado próximo de Putin desde seus dias como oficial da KGB, o serviço de segurança soviético, na Alemanha Oriental comunista. Chemezov é presidente da Rostec, grupo de ponta do setor de defesa e industrial que inclui a fabricante de armas Rosoboronexport e uma empresa que pretende construir usinas de energia na Crimeia.
Com isso, o total de pessoas sancionadas pela UE chega a 119, e 23 entidades continuam com os bens congelados.
As nova sanções também atingem a Rosneft, a Transneft e a Gazprom Neft, as maiores produtoras estatais de petróleo e operadoras de gasodutos.
As medidas europeias não atingem o setor de gás russo, em particular a estatal Gazprom, maior produtora mundial de gás e maior fornecedora da Europa.
A UE ainda proibiu a exportação de tecnologia que pode ter uso militar para nove empresas russas, incluindo a Kalashnikov, fabricante do famoso fuzil de assalto AK-47.
Entre os bancos estatais atingidos estão Sberbank, VTB Bank, Gazprombank, Vneshekonombank (VEB) e o Banco Agricultural da Rússia (Rosselkhozbank).