Por Ulf Laessing
TRÍPOLI (Reuters) - Forças aliadas às partes em conflito na Líbia se enfrentaram com armas pesadas nesta terça-feira para controlar os maiores portos de petróleo no leste do país, enquanto a União Europeia considera impor sanções às pessoas que obstruírem as conversas de paz mediadas pelo bloco.
A Organização das Nações Unidas (ONU) havia planejado realizar nesta semana uma segunda rodada de conversas para pôr fim ao confronto entre governos e parlamentos rivais, mas disse que a escalada militar está minando seus esforços.
Na segunda-feira, uma força aliada à assembleia rival sediada em Trípoli, o Congresso Geral Nacional (GNC, na sigla em inglês), seguiu para o leste para tentar ocupar os portos de Es Sider e Ras Lanuf. Os dois terminais fecharam, estancando as exportações de estimados 300 mil barris de petróleo por dia.
O governo internacionalmente reconhecido, forçado a trabalhar no leste desde que perdeu controle da capital, Trípoli em agosto, lançou mais ataques aéreos contra as forças adversárias posicionadas perto de Es Sider, declararam autoridades do leste.
Elas também afirmaram que pela primeira vez a força rival usou um caça para apoiar suas tropas, embora seu porta-voz, Ismail al-Shukri, tenha negado.
"Confirmamos que a campanha irá continuar", disse Shukri a repórteres, acrescentando que as instalações petrolíferas não serão danificadas.
O porta-voz do GNC, Omar Hmeidan, declarou que a assembleia apoia as conversas da UE, mas que o local precisa mudar e que as sessões precisam refletir a legitimidade de seu organismo.
"Os membros do GNC irão comparecer às conversas como representantes do corpo legislativo", disse ele, propondo realizar a próxima rodada na cidade de Huno, no sul líbio.
O gabinete do primeiro-ministro líbio, Abdullah al-Thinni, disse que partes do GNC estão tentando dividir a Líbia com a ofensiva aos portos de petróleo.
A UE conduziu uma primeira rodada de conversas em setembro na cidade de Ghadames, no sul do país, convidando a Câmara dos Deputados, também sediada no leste, e membros da cidade de Misrata ligados ao grupo Alvorecer da Líbia, que boicotou as sessões.
Na semana passada, o enviado especial da UE, Bernadino Leon, disse que a próxima rodada irá incluir membros do GNC. A ONU não informou data ou local, dizendo na segunda-feira somente que espera que as reuniões comecem "logo".
A UE está disposta a estudar sanções contra pessoas que obstruam uma solução política, afirmou a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini.
"Elas devem enfrentar as consequências de suas ações. A UE... continua disposta a cogitar ações adicionais, inclusive medidas restritivas, caso as circunstâncias exijam", disse ela em um comunicado.
(Reportagem de Ulf Laessing, Ayman al-Warfalli e Adrian Croft)