Trump ameaça encerrar alguns laços comerciais com a China, incluindo compra de óleo de cozinha
Por Ella Cao e Lewis Jackson
PEQUIM (Reuters) - As importações de soja pela China atingiram em setembro o segundo maior nível já registrado, segundo cálculo da Reuters com base em dados alfandegários divulgados nesta segunda-feira, impulsionadas por fortes compras da América do Sul conforme as tensões comerciais com Washington restringem as compras do produto dos EUA.
O maior comprador de soja do mundo importou 12,87 milhões de toneladas em setembro, de acordo com a Administração Geral de Alfândega, um aumento de 13,2% em relação aos 11,37 milhões de toneladas do ano anterior.
Setembro também marcou outro mês deste ano em que as importações de soja da China atingiram recordes, depois de maio, junho, julho e agosto.
As importações da China nos primeiros nove meses de 2025 totalizaram 86,18 milhões de toneladas, um aumento de 5,3% em relação ao ano anterior, segundo dados da Alfândega.
"A perspectiva fornecimento de soja para a China tem se tornado cada vez mais segura, apoiada por fortes importações de janeiro a setembro, um aumento nas compras da Argentina durante a isenção temporária de impostos e a continuidade de compras pesadas do Brasil", disse Rosa Wang, analista da JCI, agroconsultoria sediada em Xangai.
As importações de setembro aumentaram 4,8% em relação a agosto, segundo os dados.
A expectativa é que a maior parte das importações de soja do mês passado tenha vindo do Brasil, o maior exportador mundial da oleaginosa. Dados da Anec, associação de exportadores de grãos do Brasil, mostraram que a China importou 6,5 milhões de toneladas em setembro, representando 93% do total dos embarques de soja do Brasil.
No final do mês passado, Pequim garantiu um volume significativo de soja argentina, a maior parte programada para embarque no final deste ano, deixando de lado os agricultores dos EUA durante sua temporada crítica de comercialização.
A China não comprou nenhuma carga de soja dos EUA da safra de outono deste ano. Sem um acordo em vigor, os exportadores dos EUA poderão perder bilhões, já que as esmagadoras chinesas continuarão comprando da América do Sul.
No início deste mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que esperava discutir a soja com o presidente Xi durante sua próxima reunião na Coreia do Sul, mas depois colocou em dúvida se isso aconteceria, diminuindo as esperanças de novas compras chinesas de soja dos EUA.
"O fornecimento de soja da China ainda enfrenta alguns riscos, como o andamento das negociações comerciais entre a China e os EUA, possíveis problemas de produção na América do Sul causados pelo fraco La Niña deste ano e mudanças na demanda por farelo de soja na China", disse Liu Jinlu, pesquisador agrícola da Guoyuan Futures.
"Esses fatores provavelmente continuarão afetando as importações de soja."
(Reportagem de Ella Cao e Lewis Jackson)