Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - Um quarto de século após o colapso da União Soviética, o nível de satisfação de vida na Rússia e em outros ex-países soviéticos continua baixo, e o entusiasmo com a democracia e com a economia de mercado aberto é oscilante, de acordo com uma pesquisa publicada na terça-feira.
O estudo descobriu que só 15 por cento dos russos consideram que seus lares usufruem de uma qualidade de vida melhor --menos que os 30 por cento de 2010, data da última sondagem-- e que só 9 por cento veem suas finanças melhores do que quatro anos atrás.
Pouco mais da metade dos entrevistados de ex-Estados soviéticos também acreditam que a volta a um sistema mais autoritário seria uma melhoria em certas circunstâncias, mostrou o estudo realizado pelo Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) e o Banco Mundial.
O BERD, criado 25 anos atrás para investir em ex-nações comunistas, indagou habitantes de todo o antigo bloco soviético durante mais de uma década para seu projeto "Vida em Transição", visitando 51 mil lares de 34 países, da Estônia à Mongólia.
A instituição descobriu que, de fato, o "déficit de felicidade" diminuiu na Europa Oriental, graças a avanços na Ásia central, em Estados bálticos e no centro da Europa, mas também por causa da satisfação menor em partes deste continente, como a Alemanha e a Itália.
As revelações foram corroboradas por novos indícios neste ano, que vão do referendo do Reino Unido para deixar a União Europeia e da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos à insatisfação com alguns dos efeitos da globalização.
O economista-chefe do BERD, Sergei Guriev, disse que o estudo também indicou que os países só podem fazer uma transição bem-sucedida de economias estatizadas para sistemas de mercado mais aberto se este processo "for visto pelo público como justo e benéfico para a maioria".
"Se o público não vir os benefícios das reformas, no final das contas elas não serão bem-sucedidas", disse.
Guriev afirmou que um dos principais fatores do nível de satisfação de vida menor das pessoas é perder o emprego. Os governos, portanto, precisam fazer com que os trabalhadores adquiram novas habilidades, disse.
Ainda segundo ele, a pesquisa mostrou que o apreço das pessoas pela democracia e pela economia de mercado aberto está oscilando.
"Neste momento, na maioria dos nossos países a maioria não parece preferir a democracia a um governo autoritário, enquanto na Alemanha 80 por cento prefere", disse Guriev à Reuters.