Por Anna Mehler Paperny
TORONTO (Reuters) - Rahaf Mohammed al-Qunun planeja estudar, conseguir um emprego e “viver uma vida normal” no Canadá --coisas que afirmou não poder fazer em seu país natal, a Arábia Saudita, de onde fugiu com medo de ser assassinada pela própria família, disse ela à mídia canadense na segunda-feira.
Estar no Canadá é “uma sensação muito boa” disse ela à rede Canadian Broadcasting Corporation dois dias depois de chegar a Toronto de Bangcoc.
“É algo que vale o risco que eu assumi”.
Rahaf chamou atenção global na semana passada quando se trancou em um quarto de hotel dentro do aeroporto de Bangcoc, para não ser enviada de volta à sua família, que nega as acusações de abuso. Rahaf se recusou a se encontrar com seu pai e irmão que foram a Bangcoc para tentar levá-la de volta à Arábia Saudita.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) concedeu a ela o status de refugiada e o Canadá aceitou recebê-la.
A decisão do Canadá de fornecer asilo a Rahaf acontece em um momento delicado. As relações entre Ottawa e Riad têm estado tensas depois que o Canadá exigiu a imediata liberação de ativistas de direitos humanos presos no ano passado. A Arábia Saudita retaliou congelando novas negociações comerciais com Ottawa e forçando muitos de seus estudantes a voltar ao reino.
O caso de Rahaf atraiu atenção mundial para as estritas regras sociais da Arábia Saudita, incluindo a exigência de que mulheres tenham a permissão de um “guardião” masculino para viajar, o que grupos de direitos humanos dizem poder manter mulheres e meninas como prisioneiras de famílias violentas.
(Reportagem de Anna Mehler Paperny)