Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - O Irã convocou o embaixador britânico pela segunda vez desde que protestos em todo o país eclodiram no mês passado, informou a mídia iraniana nesta quarta-feira, intensificando as acusações de interferência ocidental nos distúrbios desencadeados pela morte de uma mulher sob custódia policial.
O Irã acusou inimigos, incluindo os Estados Unidos, de orquestrar os atos, que marcam o maior desafio aos governantes clericais do país em anos, com manifestantes pedindo a queda da República Islâmica.
Pessoas em todo o Irã se juntaram aos protestos desde que Mahsa Amini, de 22 anos, morreu sob custódia da polícia da moral que a deteve em Teerã em 13 de setembro por uso de "trajes impróprios".
Vídeos compartilhados nas mídias sociais na quarta-feira mostraram meninas do ensino médio em Teerã tirando seus lenços de cabeça e cantando "morte ao (líder supremo aiatolá Ali) Khamenei". A Reuters não pôde verificar os vídeos de forma independente.
As autoridades estão realizando uma repressão mortal para reprimir a agitação, sugerindo preocupação com o alcance dos protestos, mesmo que os observadores não acreditem que o governo esteja perto de ser derrubado.
Testemunhas disseram à Reuters que a tropa de choque foi mobilizada fortemente em várias cidades nesta quarta-feira, principalmente em torno de universidades - um ponto focal de protestos.
O enviado britânico, anteriormente convocado em 24 de setembro, foi chamado novamente na terça-feira em reação a "comentários intervencionistas" do Ministério das Relações Exteriores britânico, informou a agência de notícias semi-oficial Tasnim.
Uma autoridade graduada do Ministério das Relações Exteriores iraniano disse que "declarações unilaterais" do Reino Unido mostraram que o país tem "um papel nos cenários beligerantes de terroristas ativos contra a República Islâmica", disse a Tasnim.
A agência não detalhou as acusações, mas a autoridade acrescentou que Teerã consideraria possíveis opções em resposta a quaisquer ações incomuns do Reino Unido.