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Irã sinaliza que não planeja retaliar Israel após ataque com drones

Publicado 19.04.2024, 20:53
© Reuters. Pessoas caminham na Praça Naqsh-e Jahan após suposto ataque israelense ao Irã na província de Isfahan, Irã
19/04/2024
Rasoul Shojaie/IRNA/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS

Por Parisa Hafezi e James Mackenzie

DUBAI/JERUSALÉM (Reuters) - Explosões ecoaram nesta sexta-feira perto de uma cidade iraniana no que fontes relataram como um ataque israelense, mas Teerã minimizou o incidente e indicou que não planeja uma retaliação, resposta com o aparente objetivo de impedir uma ampliação da guerra na região.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou que drones -- segundo as fontes, lançados por Israel contra a cidade de Isfahan -- eram "mini-drones" que não causaram danos ou mortes.

A escala limitada do ataque e a resposta branda do Irã constituem, aparentemente, um sinal de sucesso dos esforços diplomáticos para evitar uma guerra aberta.

Imprensa e autoridades iranianas descreveram uma pequena quantidade de explosões, resultado, segundo elas, de seus sistemas de defesa aérea que derrubaram três drones sobre Isfahan, no centro do país. Elas se referiram ao incidente como um ataque de "infiltrados", em vez de citar Israel, evitando assim a necessidade de uma resposta.

Uma autoridade iraniana disse à Reuters que não havia planos de responder a Israel.

"A fonte externa do incidente não foi confirmada. Não recebemos qualquer ataque externo, e a discussão está mais para infiltrados do que um ataque", disse a fonte.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, também foi cauteloso ao comentar o caso a enviados de países muçulmanos em Nova York.

"Os apoiadores do regime sionista de Israel na imprensa, em esforço desesperado, tentaram transformar em vitória a derrota deles, enquanto os mini-drones interceptados não causaram qualquer dano ou morte", teria dito o ministro, segundo a mídia iraniana.

Israel não comentou o incidente.

Questionado repetidamente sobre o assunto durante coletiva de imprensa na Itália, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que não comentaria. Ele se limitou a dizer que os EUA estão comprometidos com a segurança israelense, mas não participaram de quaisquer ofensivas.

A Casa Branca também disse que não tinha comentários a tecer, mudança de atuação para uma administração que vinha rotineiramente avaliando os últimos acontecimentos no conflito israelense.

A violência entre Israel e aliados do Irã no Oriente Médio se intensificou durante os seis meses de confronto na Faixa de Gaza, alimentando temores de que a "guerra das sombras" entre os rivais possa se transformar em um conflito direto.

Israel havia dito que responderia à operação de sábado, o primeiro ataque direto de Irã contra Israel. O ato não causou mortes em solo israelense, já que o país e aliados derrubaram centenas de mísseis e drones.

Teerã lançou a operação em retaliação a um suposto ataque aéreo de Israel, no dia 1º de abril, que destruiu um edifício do complexo da embaixada do Irã em Damasco, resultando na morte de oficiais iranianos, incluindo um general de alto escalão.

"Israel tentou calibrar entre a necessidade de reagir e o desejo de não entrar em um ciclo de ação e reação contrária que se tornaria uma escalada interminável", avaliou Itamar Rabinovich, ex-embaixador israelense em Washington.

Aliados de Israel, incluindo os EUA, pressionaram durante toda a semana para garantir que qualquer retaliação adicional fosse ponderada para não provocar uma escalada maior. Países ocidentais reforçaram as sanções contra o Irã para acalmar Israel.

Não houve nenhuma palavra de Israel nesta sexta-feira sobre o planejamento de novas ações. Além de ataques diretos ao território iraniano, o país tem outras formas de promover ofensivas, incluindo pelo meio cibernético e ataques a representantes iranianos em outros locais.

Em um sinal de pressão dentro do governo de extrema-direita de Israel por uma resposta mais forte, Itamar Ben Gvir, o ministro da Segurança Nacional, postou uma única palavra no X após os ataques desta sexta-feira: "Fraco".

No mercado financeiro, o preço do petróleo inicialmente subiu, mas depois caiu, com analistas apontando para a crença de que uma escalada das hostilidades na região pode ser evitada.

Pela manhã, o Irã reabriu os aeroportos e o espaço aéreo, fechados durante o ataque. A interrupção das viagens deve continuar na região, no entanto, com alguns voos redirecionados por companhias aéreas internacionais e outros sendo suspensos.  

No Irã, noticiários sobre o incidente desta sexta-feira não mencionaram Israel. A televisão estatal transmitiu analistas e especialistas que pareciam não se importar com a escala.

Também não há indicações de algum dano extenso na base aérea que teria sido alvo do ataque, informou a CNN, citando imagens de satélite que obteve.

© Reuters. Pessoas caminham na Praça Naqsh-e Jahan após suposto ataque israelense ao Irã na província de Isfahan, Irã
19/04/2024
Rasoul Shojaie/IRNA/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS

Pouco depois da meia-noite, "três drones foram observados no céu sobre Isfahan. O sistema de defesa aérea entrou em ação e destruiu esses drones no céu", disse a TV estatal iraniana.

A mídia israelense evitou citar diretamente as autoridades do país e, em vez disso, referiu-se a reportagens da mídia estrangeira que usaram fontes israelenses para confirmar que Israel estava por trás dos ataques.

(Reportagem de Humeyra Pamuk, Phil Stewart e Idrees Ali em Washington e Parisa Hafezi em Dubai; reportagem adicional de Kanishka Singh, Jasper Ward, Jamie Freed e Dan Williams)

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