Por Bassam Masoud e Nidal al-Mughrabi e Samia Nakhoul
FAIXA DE GAZA/CAIRO/DUBAI (Reuters) - Israel aprovou nesta sexta-feira uma potencial ofensiva contra a cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, enquanto mantém acesa a esperança de um cessar-fogo, com planos de enviar outra delegação ao Catar para negociar um possível acordo de reféns com o grupo militante islâmico Hamas.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que ele deu seu aval a um plano para atacar a cidade, localizada na fronteira sul da Faixa de Gaza, onde mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave se refugia após cinco meses de guerra.
Aliados globais e críticos pediram a Netanyahu que não ataque Rafah, temendo que uma ofensiva gere grandes perdas civis. Mas Israel afirma que o local é um dos últimos redutos do Hamas — a quem o Estado judaico prometeu eliminar — e que a população será retirada dali.
Em Washington, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que não os estados Unidos não viram o plano de ofensiva contra Rafah, mas que gostariam de ter acesso a ele. O porta-voz também disse que a proposta do Hamas de um cessar-fogo em troca da liberação de reféns está dentro do que é possível negociar e que está cautelosamente otimista sobre ela.
De acordo com um documento ao qual a Reuters teve acesso, o Hamas apresentou uma proposta de cessar-fogo que incluía a soltura de reféns israelenses em troca da liberdade para prisioneiros palestinos, cem dos quais cumprem prisão perpétua.
Um comunicado do gabinete de Netanyahu afirmou que as demandas do Hamas não são realistas, mas que o país enviaria uma delegação israelense a Doha assim que o gabinete de segurança discutisse sua posição sobre o tema.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse a jornalistas na Áustria que os EUA precisam ver um plano claro e possível para uma ofensiva de Israel contra Rafah, incluindo um detalhamento de como tirar os civis da linha de fogo.
Há crescente atrito entre Washington e Israel, com autoridades do governo do presidente norte-americano, Joe Biden, dizendo que israelenses estão tendo pouco cuidado com as vítimas civis da guerra.
Como as propostas prévias de um cessar-fogo, o plano atual prevê a libertação de dezenas de israelenses em troca de centenas de palestinos presos em detenções de Israel. Isso ocorreria em meio a uma trégua, que duraria semanas e permitiria a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O Hamas também pediu que sejam feitas negociações posteriores para encerrar a guerra, mas Israel afirmou que só negocia uma trégua temporária.
A guerra começou com um ataque de combatentes do Hamas, que mataram 1.200 pessoas e tomaram 253 reféns em Israel no dia 7 de outubro, segundo o estado israelense. Desde então, a resposta militar de Israel causou a morte de mais de 31 mil pessoas, de acordo com números palestinos, e forçou o deslocamento de quase toda a população da Faixa de Gaza, que teve de deixar as duas casas.
(Reportagem adicional de James Mackenzie em Jerusalém)