Por Michelle Nichols e Louis Charbonneau
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Israel deveria para de construir assentamentos que paralisam o desenvolvimento palestino e designam terras para uso exclusivo de israelenses que os palestinos buscam para um futuro Estado, recomendou o grupo denominado Quarteto que busca a paz no Oriente Médio no esboço de um relatório muito aguardado ao qual a Reuters teve acesso.
O esboço feito por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Organização das Nações Unidas (ONU), os quatro patrocinadores do processo de paz atualmente congelado, disseram que a política israelense "está erodindo constantemente a viabilidade da solução de dois Estados".
"Isto desperta dúvidas legítimas sobre as intenções de longo prazo de Israel, que são agravadas pelas declarações de alguns dos ministros israelenses de que jamais deveria existir um Estado palestino", de acordo com o rascunho do relatório.
Um dia depois das eleições israelenses de março de 2015, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que jamais haveria um Estado palestino em seu governo – tão somente para voltar atrás dias depois e retomar o objetivo da solução de dois Estados.
Na quinta-feira, o enviado da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, inteirou o Conselho de Segurança da entidade sobre o relatório do Quarteto, que ele contou aos repórteres ter sido submetido aos membros do Quarteto para uma aprovação final e que provavelmente será divulgado nesta sexta-feira.
Fontes diplomáticas disseram que o relatório tem um peso político significativo por ter o apoio dos EUA, os maiores aliados de Israel, que têm se empenhado em ressuscitar as conversas de paz em meio às tensões entre Netanyahu e o presidente norte-americano, Barack Obama.
A relação entre o líder israelense direitista e o presidente democrata ainda não se recuperou da forte desavença surgida no ano passado em resultado do acordo nuclear internacional com o Irã, inimigo do Estado judeu, que os EUA encabeçaram.
O rascunho do relatório afirmou que Israel tomou para seu uso exclusivo cerca de 70 por cento da Área C, que representa 60 por cento da Cisjordânia ocupada e inclui a maioria de suas terras cultiváveis, recursos naturais e reservas de terra.