Por Steve Scherer
ROMA (Reuters) - Um tribunal de Roma condenou nesta terça-feira à prisão perpétua 8 pessoas pelos assassinatos de 23 cidadãos italianos na Operação Condor, na qual ditaduras sul-americanas caçaram e mataram milhares de dissidentes nas décadas de 1970 e 1980.
Esta é a primeira vez que um tribunal italiano julga que existiu uma conspiração entre os governos de Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Brasil e Bolívia para ajudar a encontrar e assassinar oponentes políticos uns dos outros.
Depois de um julgamento que durou mais de dois anos, a juíza Evelina Canale disse que oito homens foram condenados à revelia, incluindo o ex-presidente boliviano Luis Garcia, atualmente com 87 anos e cumprindo pena de 30 anos na Bolívia por crimes cometidos durante seu governo, e o ex-presidente peruano Francisco Morales, hoje com 95 anos.
"Está claro que essa condenação confirma que a Operação Condor existiu e que foi uma conspiração criminosa", disse a promotora Tziana Cugini à Reuters após a decisão.
"É muito significativo, especialmente dado que chefes de Estado da época foram condenados."
Pela lei italiana, magistrados italianos podem investigar o assassinato de cidadãos italianos fora do país.
O filho de Morales, Remigio Morales, disse que seu pai não tem nada a ver com os assassinatos. O advogado de Garcia, Frank Campero, disse que Garcia nunca testemunhou no julgamento em Roma, mas recorrerá do veredicto, já que nega ter cometido crimes.
A lei italiana permite que a condenação em primeira instância seja alvo de recurso duas vezes antes de se tornar definitiva e as penas serem cumpridas.
Se a sentença se tornar definitiva, a Itália pode pedir a extradição dos condenados, mas dada a idade dos acusados, é mais provável que eles cumpram as penas em seus países.