SÃO PAULO (Reuters) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi o mais votado na eleição interna entre os procuradores realizada nesta quarta-feira e encabeçará a lista tríplice que será enviada pela categoria à presidente Dilma Rousseff com vistas à indicação do novo chefe do Ministério Público.
Janot, cujo mandato atual acaba em setembro, recebeu 799 votos, enquanto que Mario Bonsaglia ficou com 462 e Raquel Dogde levou 402. Embora não tenha obrigação de escolher um nome da lista, Dilma tem, desde que assumiu seu primeiro mandato em 2011, indicado para procurador-geral o nome mais votado pela categoria.
À frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), Janot tem comandado as investigações de políticos envolvidos na operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de corrupção na Petrobras (SA:PETR4), entre eles os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra quem Janot pediu e obteve do Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquéritos.
Caso Dilma decida manter a tradição, inaugurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de indicar para a PGR o mais votado na eleição interna realizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Janot terá de passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ter seu nome aprovado tanto pela comissão quanto pelo plenário da Casa.
A sabatina de Janot, caso aconteça, deverá ser tensa, assim como a votação de seu nome no plenário do Senado. Isso porque o procurador, que já era alvo de críticas de alguns senadores, atraiu ainda mais a antipatia de parlamentares após a operação Politeia, na qual a Polícia Federal realizou operações de busca e apreensão contra políticos por determinação do STF, que atendeu ao pedido de Janot.
Na ocasião, até mesmo imóveis funcionais de senadores foram alvos das operações da PF, o que irritou o senador Fernando Collor (PTB-AL), um dos alvos da Politeia e crítico feroz de Janot, e Renan, que viu na operação uma "violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de Direito".
Entre os alvos da Politeia, que é um desdobramento da Lava Jato, estavam os também senadores Fernando Bezzera (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI), além do líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE).
(Reportagem de Eduardo Simões)