Por Jack Queen e Luc Cohen e Andy Sullivan
NOVA YORK (Reuters) - Donald Trump ouvirá nesta segunda-feira os promotores explicarem por que seu suposto encobrimento de um pagamento a uma estrela pornô durante campanha presidencial de 2016 violou a lei, à medida que o primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos começa em Nova York.
Os advogados do candidato presidencial republicano também farão sua declaração inicial no que pode ser o único dos quatro processos criminais de Trump a ir a julgamento antes de sua revanche contra o presidente Joe Biden em 5 de novembro.
Os promotores afirmam que o pagamento de 130.000 dólares feito pelo ex-advogado de Trump Michael Cohen à estrela pornô Stormy Daniels, em troca de seu silêncio sobre um suposto encontro sexual com Trump uma década antes, enganou os eleitores nos últimos dias da campanha em 2016, quando sua candidatura enfrentava outras revelações de mau comportamento sexual.
Trump se declarou inocente de 34 acusações de falsificação de registros comerciais apresentadas pelo promotor de Manhattan, Alvin Bragg, e nega ter tido um encontro sexual com Daniels.
O caso é visto por muitos especialistas jurídicos como o menos consequente dos processos contra Trump. Um veredito de culpa não o impediria de assumir o cargo, mas poderia prejudicar sua candidatura.
Pesquisa Reuters/Ipsos mostra que metade dos eleitores independentes e 25% dos republicanos dizem que não votariam em Trump se ele for condenado por um crime.
Os promotores têm dito que o pagamento a Daniels fazia parte de um esquema mais amplo de "pegar e matar" elaborado por Trump, Cohen e David Pecker - o ex-diretor executivo da editora de tabloides American Media - para pagar pessoas com informações potencialmente prejudiciais sobre Trump antes da eleição de novembro de 2016. Trump derrotou a democrata Hillary Clinton.
Pecker é a primeira testemunha que os promotores planejam chamar após as declarações iniciais, informaram o New York Times e a CNN no domingo. De acordo com os promotores, Pecker concordou, durante uma reunião em agosto de 2015 com Trump e Cohen, em atuar como "olhos e ouvidos" da campanha, procurando histórias negativas sobre Trump.
A American Media, que publica o National Enquirer, admitiu em 2018, como parte de um acordo para evitar um processo criminal, que pagou 150.000 dólares à ex-modelo da revista Playboy Karen McDougal pelos direitos de sua história sobre um caso de meses com Trump em 2006 e 2007. A American Media disse que trabalhou "em conjunto" com a campanha de Trump e nunca publicou a história.
Trump tem dito que os pagamentos foram pessoais e não violaram a lei eleitoral. Ele também negou o caso com McDougal.
O depoimento de Pecker pode ajudar a corroborar o depoimento de Cohen, a testemunha central do julgamento. Os promotores têm reconhecido que o ex-advogado de Trump pode enfrentar problemas de credibilidade, já que foi condenado e preso por acusações federais de financiamento de campanha por seu papel no esquema.
Os promotores planejam convocar pelo menos 20 testemunhas no total, de acordo com a equipe de defesa de Trump. O julgamento pode durar de seis a oito semanas.