Por Guy Faulconbridge e Kate Holton
LONDRES (Reuters) - O presidente da China, Xi Jinping, fechou um acordo multibilionário para financiar usinas nucleares na Grã-Bretanha, coroando assim uma visita que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, espera dar ensejo a uma onda de investimentos da segunda maior economia do mundo.
Após um dia de pompa ao lado da rainha Elizabeth, o também secretário-geral do Partido Comunista Xi reuniu-se com Cameron nesta quarta-feira em sua residência oficial em Downing Street, onde o maior acordo da visita até o momento – investir em plantas nucleares – deve ser anunciado.
No primeiro investimento chinês de peso em uma instalação nuclear ocidental, a Corporação Nuclear Geral da China (CGN, na sigla em inglês) irá ficar com uma fatia de um terço da usina Hinkley Point, estimada em 28 bilhões de dólares e de propriedade da francesa EDF .
A estatal CGN também terá dois terços de participação na usina nuclear de Bradwell, no leste de Londres, onde planeja construir uma reator de projeto chinês, e uma fatia de um quinto em um projeto de reatores concebidos pela Areva na usina de Sizewell.
"A China e a Grã-Bretanha são cada vez mais interdependentes e estão se tornando uma comunidade de interesses compartilhados", afirmou Xi durante um discurso para as duas casas do parlamento na terça-feira.
Escoltado pelo príncipe William, neto da rainha, Xi inspecionou um novo táxi preto movido a bateria que será produzido pela London Taxi Company, cuja proprietária é a chinesa Geely.
Cameron está propagandeando a Grã-Bretanha como principal portão de entrada ocidental para investimentos da China, embora a recepção calorosa a Xi tenha despertado a desconfiança de aliados e atraído críticas de que Londres está fazendo vista grossa ao histórico de direitos humanos de Pequim.
Os protestos de rua contra o líder comunista foram pequenos até agora, apesar de ativistas acusarem Cameron de cortejar o dinheiro chinês ao mesmo tempo em que deixa de lado críticas à repressão das liberdades civis desde que Xi chegou ao poder em 2012.
Autoridades britânicas e líderes empresariais afirmam ser impossível ignorar a ascensão da China, cuja economia é quatro vezes maior que a de seu país.
(Reportagem adicional de Karolin Schaps e Patrick Graham)