Por Tatiana Jancarikova e Jason Hovet
BRATISLAVA (Reuters) - Ainda se recuperando da decisão do Reino Unido de se deixar o bloco, os 27 Estados remanescentes da União Europeia se reuniram nesta sexta-feira para injetar ímpeto no combalido projeto da UE, mas reconhecendo as divisões profundas causadas pela crise de refugiados e pela economia.
Anos de crise econômica elevaram o desemprego em muitos países-membros, e uma onda de ataques de militantes islâmicos e um influxo recorde de imigrantes abalaram os eleitores, que estão se voltando cada vez mais a partidos populistas anti-UE.
A cúpula "informal" –assim chamada porque qualquer outra formal ainda tem que incluir o Reino Unido até que este deixe o bloco– tem como objetivo restaurar a fé do público na União Europeia, que durante décadas foi vista como fiadora da paz e da prosperidade, mas que agora passa por uma "crise existencial", como admitiram autoridades.
"Todos estão cientes da situação. O Reino Unido decidiu partir e existem dúvidas a respeito do futuro da Europa", disse o presidente da França, François Hollande, antes da reunião na capital eslovaca.
"Ou seguimos na direção da desintegração, da dissolução, ou trabalhamos juntos para injetar um novo ímpeto, relançamos o projeto europeu."
O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse: "A Europa deveria parar de ser um sonâmbulo que anda na direção errada."
A meta em Bratislava é acertar um "roteiro" para reformas na UE que possa ser finalizado ao longo do próximo semestre. Propostas mais concretas serão apresentadas em uma cúpula em março do ano que vem que irá coincidir com o 60º aniversário do Tratado de Roma, marco de fundação do bloco.
Por causa das divisões em torno de alguns dos temas principais, porém, é esperado que alguns líderes se atenham a áreas em que existe consenso.
Eles irão prometer uma cooperação de defesa mais intensa e concordar em reforçar a segurança nas fronteiras externas da UE, além de debater novas iniciativas para gerar crescimento e empregos.
"Todos estes países têm interesse em combater o terrorismo, em uma Europa mais segura, em evitar a imigração descontrolada, todos têm interesse na cooperação econômica para criar mais empregos", disse o premiê holandês, Mark Rutte.
(Reportagem adicional de Alastair Macdonald e Francesco Guarascio)