Por Ellen Francis e Dan Williams
BEIRUTE/JERUSALÉM (Reuters) - O Líbano prometeu nesta quarta-feira impedir qualquer intrusão territorial de um muro de fronteira que Israel está construindo, e o Estado judeu disse querer uma mediação estrangeira para resolver uma disputa de energia marítima com seu vizinho do norte.
Líderes libaneses acusaram Israel de ameaçar a estabilidade da região de fronteira. As discussões sobre o muro e os planos do Líbano de explorar petróleo e gás em águas disputadas do mar Mediterrâneo aumentaram o atrito entre os dois países inimigos.
"Este muro, se for construído, será considerado um ataque à terra libanesa", disse o secretário-geral do Alto Conselho de Defesa do Líbano em um comunicado depois de uma reunião de autoridades de alto escalão do governo e dos militares.
O conselho "deu suas instruções para confrontar esta agressão para impedir Israel de construir (o muro) em território libanês", disse, sem maiores explicações.
O organismo inclui o presidente, o primeiro-ministro, ministros de gabinete e o comandante do Exército do Líbano.
Israel afirma que o muro está inteiramente dentro de seu território.
Uma autoridade israelense disse à Reuters que partes do muro estão sendo erguidas mais perto da divisa do que uma cerca de fronteira existente, que em alguns locais avança bem para o sul devido à topografia.
O governo libanês argumenta que o muro atravessaria terras que pertencem a seu país, mas se encontram do lado israelense da Linha Azul (SA:AZUL4), onde a Organização das Nações Unidas (ONU) demarcou a retirada militar de Israel do sul do Líbano em 2000.
De maneira geral, a calma tem prevalecido na fronteira desde 2006, quando Israel guerreou com o Hezbollah, movimento xiita armado libanês.
O conflito de um mês matou cerca de 1.200 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 160 israelenses, a maior parte deles soldados.
Em um discurso televisionado feito neste mês, o líder do Hezbollah avisou Israel para encarar os alertas do governo libanês a respeito do muro "com a maior seriedade".
"O Líbano está unido atrás do Estado e do Exército para impedir o inimigo israelense (de violar o território libanês)", afirmou Sayyed Hassan Nasrallah. O Hezbollah "lidará plenamente com sua responsabilidade a esse respeito", acrescentou.