Por Jessie Pang e Clare Jim
HONG KONG (Reuters) - A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse nesta terça-feira que nunca pediu que o governo da China a deixe renunciar para encerrar a crise política na cidade sob controle chinês, reagindo a uma reportagem da Reuters sobre uma gravação na qual ela disse que renunciaria se pudesse.
Por sua parte, a China expressou confiança em Lam e em seu governo, mas disse que não ficará passiva se os tumultos ameaçarem sua segurança e sua soberania.
Centenas de milhares de pessoas foram às ruas da ex-colônia britânica desde meados de junho para participar de protestos às vezes violentos contra um projeto de lei hoje suspenso que permitiria que pessoas fossem enviadas à China continental para serem julgadas em tribunais controlados pelo Partido Comunista.
Carrie disse a líderes empresariais que causou um "dano imperdoável" ao apresentar o projeto de lei e que, se tivesse escolha, pediria desculpas e renunciaria, de acordo com uma gravação de áudio vazada.
Em uma coletiva de imprensa televisionada, ela disse que jamais cogitou pedir a renúncia e que Pequim acredita que seu governo consegue solucionar a crise de três meses sem uma intervenção da China.
"Nem sequer cogitei debater uma renúncia com o governo central popular. A escolha de renunciar é minha própria escolha", afirmou a líder.
"Eu repeti a mim mesma nos últimos três meses que eu e minha equipe deveríamos continuar para ajudar Hong Kong... é por isso que eu disse que não me dei a escolha de tomar um caminho mais fácil, e esse é sair".
Lam acrescentou que ficou decepcionada que comentários feitos em uma reunião particular, na qual compartilhou a "jornada do meu coração", tenham sido vazados.
Em uma coletiva de imprensa do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau chinês, não foram feitas perguntas diretas sobre a gravação, e um porta-voz e uma porta-voz não se referiram à ela ou à reportagem da Reuters.
Eles repudiaram a violência e os países ocidentais que tentam usar a questão de Hong Kong para interferir nos assuntos chineses, e reiteraram que a China jamais toleraria a independência de Hong Kong ou uma líder que não fosse leal a Pequim.
O governo central apoia com firmeza Carrie e seu governo, disseram, mas não será eternamente passivo se a violência continuar, disse a porta-voz
Xu Luying.
"O governo central não permitirá que o caos em Hong Kong continue indefinidamente", disse.
O Global Times, tabloide chinês publicado pelo Diário do Povo do Partido Comunista, repudiou a reportagem da Reuters em um editorial publicado em seu site.
(Por Clare Jim, Donny Kwok, Jessie Pang, Farah Master, Felix Tam, Noah Sin, Twinnie Siu, Ben Blanchard e Redação de Pequim)