Por Dave Sherwood
HAVANA (Reuters) - Dois importantes artistas dissidentes cubanos enfrentaram seu primeiro dia de julgamento, nesta segunda-feira, após serem detidos há quase um ano, como parte de um processo judicial em andamento que grupos de direitos humanos chamam de "farsa" e "circo".
Os ativistas, Luis Manuel Otero Alcántara e Maykel Castillo, são membros proeminentes do Movimento San Isidro, com sede em Havana, um coletivo de artistas que liderou vários protestos antes de muitos do grupo deixarem Cuba alegando repressão.
Otero Alcántara é acusado de difamar a bandeira nacional, desacato e desordem pública, e pode pegar 7 anos de prisão, de acordo com um processo judicial de 8 de março visto pela Reuters. Castillo, um rapper conhecido como Osorbo, também foi acusado de agressão e pode pegar 10 anos, segundo o documento do tribunal.
Tanto Otero Alcántara quanto Castillo apareceram no videoclipe de "Patria y Vida", uma música desafiadora de hip-hop que se tornou o "hino" não oficial dos protestos contra o governo cubano em 11 de julho passado, que se acredita terem sido os maiores desde a revolução de Fidel Castro em 1959.
Nesta segunda-feira, a polícia e as forças de segurança cercaram o tribunal em Havana desde o início da manhã. Um pequeno grupo de familiares teve acesso ao tribunal, disse à Reuters uma autoridade do Centro Internacional de Imprensa de Cuba.
Representantes das embaixadas em Havana de vários países europeus, incluindo Holanda, Alemanha, República Tcheca, Reino Unido, Noruega e Suécia, se reuniram a um quarteirão do tribunal aguardando acesso por quase duas horas depois de pedirem para entrar e observar os procedimentos.