Por Lisa Anderson
NOVA YORK (Thomson Reuters Foundation) - Nos últimos 20 anos, mulheres e meninas do mundo fizeram progressos significativos na saúde, educação e direitos legais, mas grandes disparidades de gênero continuam na participação econômica, liderança política e segurança, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
Uma junção e análise de dados globais de agências internacionais, incluindo o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde, diversas agências de pesquisa da ONU, a pesquisa identifica ganhos e disparidades no progresso feminino na igualdade de gêneros desde 1995.
Naquele ano, 189 países na Quarta Conferência Mundial sobre Mulheres das Nações Unidas assinaram a Declaração e Plataforma para Ação de Pequim, para "total e igual participação das mulheres na vida política, civil, econômica, social e cultural".
O "Relatório Sem Limites para a Participação Total" é o resultado de um projeto global de um ano, liderado pela Fundação Bill & Melinda Gates e a iniciativa No Ceilings (Sem Limites), da Fundação Bill, Hillary & Chelsea. Seu lançamento coincidiu com o começo da 59ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre a Condição das Mulheres.
"Este relatório mostra que progresso é possível - e que mais trabalho é necessário", disse a ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton em nota de lançamento do relatório.
Os dados fornecidos evidenciam que quando mulheres e meninas participam totalmente os efeitos positivos criam um efeito cascata que aumenta o bem-estar nas comunidades, crescimento na economia e segurança nas nações, de acordo com o relatório.
Dentre as descobertas mais positivas estavam as na saúde, educação e direitos legais.
Por conta das melhoras no acesso aos serviços de saúde, meninas nascidas hoje em dia podem esperar viver uma média de até 73 anos, cerca de quatro anos a mais do que em 1995, diz o relatório.
A taxa de mortalidade materna global caiu em 42 por cento em 20 anos; a taxa de mortalidade para meninas crianças caiu pela metade, e os partos na adolescência, em um terço.
Na educação, o relatório descobriu que a disparidade de gênero global entre crianças com idade pré-escolar "praticamente acabou". Mas na escola, considerada um fator importante na capacidade das meninas de evitar o casamento jovem e contribuir para suas famílias e comunidades, a disparidade de gênero diminuiu mas ainda existe, particularmente na África subsaariana e no sul da Ásia.
No âmbito dos direitos legais, mais de 95 por cento das 56 Constituições nacionais adotadas após 1995 garantem igualdade de gênero, comparada com os 79 por cento de 1995. Em 2013, 76 de 100 países criaram leis contra a violência doméstica, comparado com 13 em 1995.
A segurança é uma área de grande preocupação para mulheres. Violência contra a mulher "continua uma epidemia global". Implementação e reforço das leis que protegem mulheres geralmente faltam e leis que restringem direitos das mulheres ainda existem, segundo o relatório.
Embora duas vezes mais mulheres tenham posições políticas agora do que em 1995, a participação política cresceu relativamente devagar. Mulheres têm 22 por cento dos lugares nas legislaturas nacionais, um aumento de 12 por cento em relação a 20 anos atrás.