Por Amy Sawitta Lefevre e Manuel Mogato
VIENTIANE (Reuters) - Líderes da Ásia minimizaram as tensões no Mar do Sul da China no palavreado cuidadoso do comunicado final de uma cúpula regional nesta quinta-feira, mas mesmo antes de sua divulgação Pequim expressou frustração com países de fora da região por "interferirem" nas disputas sobre a rota marítima estratégica.
Os chefes de 10 nações do sudeste asiático, assim como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, entre outros seis líderes, "reafirmaram a importância de se manter a paz, a estabilidade, a segurança e a liberdade de navegação dentro e no espaço aéreo do Mar do Sul da China".
Mas o esboço do comunicado a ser divulgado em Vientiane, no Laos, tergiversou a respeito das tensões regionais causadas pelas reivindicações conflitantes sobre áreas do mar, que tem importância estratégica.
"Vários líderes continuam seriamente preocupados com os desdobramentos recentes no Mar do Sul da China", disse o esboço.
O comunicado, visto pela Reuters, não fez referência a um veredicto de julho de um tribunal de Haia que declarou algumas das ilhas artificiais da China naquele mar ilegais e invalidou suas reivindicações sobre a quase totalidade da rota marítima.
Obama disse nesta quinta-feira que o veredicto ajudou a esclarecer os direitos marítimos. "Reconheço que isso desperta tensões, mas também espero poder debater como podemos seguir em frente de maneira construtiva para reduzir as tensões", afirmou ele em uma reunião da cúpula.
Autoridades disseram que as conversas de quarta-feira entre líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean, na sigla em inglês) e Li correram tranquilamente.
Mas em um comunicado posterior do Ministério das Relações Exteriores chinês, Li foi parafraseado como tendo dito que a China está disposta a trabalhar com países do sudeste asiático para "dissipar a interferência... e tratar devidamente da questão do Mar do Sul da China".
Ele não elaborou, mas tal fraseado é usado normalmente por líderes chineses para impedir que países fora da região sem envolvimento direto na disputa, como os EUA, se envolvam.
A China reclama para si a maior parte do Mar do Sul da China, pelo qual mais de 5 trilhões de dólares de mercadorias circulam anualmente. Taiwan e quatro membros da Asean --Vietnã, Filipinas, Malásia e Brunei-- também têm reivindicações, o que o torna um foco de tensão regional.
Os outros países da Asean são Camboja, Indonésia, Laos, Mianmar, Cingapura e Tailândia. Líderes de Austrália, China, Índia, Japão, Nova Zelândia, Rússia, Coreia do Sul e EUA também compareceram à cúpula.