Por Michel Rose
PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, chamou o seu colega russo, Vladimir Putin, de adversário que não vai parar apenas na Ucrânia caso derrote as tropas de Kiev no conflito que já dura dois anos, e pediu que os europeus não sejam “fracos” e se preparem para responder.
Macron causou polêmica no mês passado ao dizer que não poderia descartar o destacamento de tropas para a Ucrânia no futuro, com muitos líderes se distanciando dessa possibilidade, enquanto outros, especialmente do Leste Europeu, apoiaram as palavras do mandatário.
“Se a Rússia vencer essa guerra, a credibilidade da Europa será reduzida a zero”, afirmou Macron em entrevista na televisão, direcionada principalmente ao público francês, depois de líderes da oposição terem classificado seus comentários como belicosos.
Macron afirmou que discorda “profundamente” dos líderes da oposição. “Hoje, decidir se abster ou votar contra o apoio à Ucrânia não é votar pela paz, é escolher a derrota. É diferente”, afirmou.
O principal partido de oposição a Macron, representado pela extrema direita de Marine Le Pen, absteve-se no Parlamento de votar nesta semana sobre um acordo de segurança que Paris assinou com a Ucrânia, enquanto os esquerdistas do França Insubmissa votaram contra.
“Se a guerra se espalhar pela Europa, a Rússia é a culpada”, acrescentou. “Mas se decidirmos ser fracos, se decidirmos hoje que não precisamos responder, será escolher a derrota. E eu não faço isso.”
Ele afirmou ser importante que a Europa não sinalize fraqueza para o Kremlin, encorajando-o assim a seguir invadindo a Ucrânia, mas se recusou a dar detalhes de como seria o uso de tropas no país.
“Não quero fazê-lo. Quero que a Rússia pare essa guerra, recue de suas posições e permita assim a paz”, acrescentou. “Não darei visibilidade a alguém que não está me dando nenhuma. Essa é uma pergunta para o presidente Putin. Não tenho razões para ser preciso.”
Ele afirmou que a França jamais iniciaria uma ofensiva contra a Rússia e que não está em guerra contra Moscou, apesar do fato de os russos terem lançado grandes ataques contra interesses franceses em território nacional e no exterior.
“O regime do Kremlin é um adversário”, disse, negando-se a chamá-lo de inimigo.
(Reportagem de Michel Rose)