SÃO BERNARDO DA CAMPO (Reuters) - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, voltou a reclamar do que rotulou de "cruzada de preconceitos e boatos" espalhados pelas campanhas de seus adversários e disse que seu desempenho eleitoral levou a algo inédito na história do país: a união entre PT e PSDB.
"Nós estamos fazendo campanha com base em propostas, os nossos adversários é que têm que explicar por que por 20 anos se
combateram a ferro e fogo e agora estão unidos, PT e PSDB, numa mesma artilharia para destruir quem tem programa, para destruir
quem trata eles com respeito", disparou Marina em entrevista a jornalistas, em São Bernardo do Campo.
"É muito interessante isso que está acontecendo, pela primeira vez na história do país, PT e PSDB estão juntos numa
mesma cruzada de preconceitos, boatos e difamações para conter o avanço da sociedade que quer transformação", acrescentou.
Desde que chegou ao patamar dos 30 por cento das intenções de voto para o primeiro turno e que apareceu vencendo simulações
de segundo turno, Marina tem sido alvo constante de ataques das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a
reeleição, e de Aécio Neves (PSDB).
Do lado petista, foram lançadas propagandas mostrando supostos riscos para o emprego e os salários se for adotada a
independência formal do Banco Central, como prevê o programa de Marina. Também foram feitos questionamentos de seu
comprometimento com a exploração do petróleo do pré-sal e a possível perda desses recursos para a educação.
Já a campanha de Aécio tenta colar em Marina a imagem de que ela é uma espécie de segunda candidata do PT e é cheia de
contradições, lembrando suas posições quando estava no partido e as que defende agora, de modo a se aproveitar do sentimento
antipetista de parte do eleitorado. Além disso, o tucano tem se apresentado como o único capaz de fazer as mudanças desejadas
com segurança.
"Eu gostaria que eles tivessem um programa, para que a sociedade brasileira pudesse fazer a escolha entre as três principais candidaturas não com base em boatos, fofocas e mentiras ou preconceitos", disse Marina a jornalistas antes de participar de comício na região central de São Bernardo do Campo.
Perguntada sobre a divulgação da última pesquisa Datafolha, que registrou um aumento da rejeição à sua candidatura de 18 para 22 por cento, Marina se disse tranquila, e declarou que continuará fazendo uma "campanha limpa". "Não queremos entrar no jogo de que vale tudo para ganhar uma eleição", disse.
A candidata também aproveitou para rebater críticas feitas por Aécio de que ela não teria experiência suficiente para governar o país. Marina lembrou que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, uma experiência considerada administrativa e executiva, segundo ela, mas sem valor para quem não valoriza meio ambiente.
Marina também voltou a negar a possibilidade de alterar leis trabalhistas. "Isso é uma mentira que foi dita e está sendo dita e vocalizada o tempo todo. Em nenhum momento a nossa aliança falou em revisar a CLT, essa é mais uma mentira semelhante a aquelas que foram ditas em relação ao pré-sal", disse.
(Reportagem de Pedro Belo)