Por Kissima Diagana
NUAKCHOTT (Reuters) - A Mauritânia condenou um homem à morte nesta quinta-feira por "insultar o profeta", disse um grupo de direitos humanos, um dia depois de o país iniciar um outro julgamento contra um ativista contra a escravidão.
Mohamed Cheikh Ould Mkhaitir, de 28 anos, foi preso há um ano por escrever um artigo sobre o profeta Maomé e o sistema de castas, um assunto extremamente sensível no país do oeste da África com profundas divisões sociais e raciais.
Ele argumenta que o seu artigo foi mal interpretado.
A promotoria defendeu a pena de morte de acordo com a lei islâmica e recomendou o fuzilamento. A Mauritânia aplicou a pena de morte pela última vez em 1987.
Em evento separado, um tribunal na cidade de Rosso, no sul, iniciou na quarta-feira os procedimentos contra o ativista antiescravidão Biram Ould Dah Ould Abeiday e seis membros do seu grupo por "estimular violência, quebrar a ordem pública, desrespeitar autoridade e pertencer a uma organização não reconhecida".
Biram Ould Abeid, que já foi candidato a presidente, foi preso no mês passado durante uma passeata pacífica. Ele pode ser condenado a até cinco anos de prisão.
Ativistas de direitos humanos e o Parlamento Europeu pediram a sua libertação.
A Mauritânia se tornou o último país do mundo a abolir legalmente a escravidão em 1981 e ainda mantém a maior relação mundial de escravidão por habitante, segundo o Global Slavery Index 2013.
O presidente Mohamed Ould Abdel Aziz nega que a escravidão continue no país, alegando que o que existe são as consequências da prática abolida.