SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Edinho Silva, da Comunicação Social, disseram nesta sexta-feira que os recursos recebidos da empresa UTC Engenharia foram doações legais para campanhas eleitorais declaradas à Justiça Eleitoral.
Os dois ministros vieram a público por meio de suas assessoria de imprensa após veículos de comunicação divulgarem que o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, listou recursos pagos a Mercadante e à campanha para reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014, que teve Edinho como tesoureiro, em seu processo de delação premiada na operação Lava Jato.
Pessoa é apontado pelo Ministério Público como o coordenador de um cartel de empresas que se juntaram para obterem contratos de obras da Petrobras (SA:PETR4) e, em troca, pagavam propina a funcionários da empresa, a operadores que lavavam dinheiro do esquema, a políticos e partidos. Pessoa fez acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena.
"O ministro Edinho Silva esteve com o empresário Ricardo Pessoa por 3 vezes para tratar de doações de campanha. A primeira, quando o conheceu, foi quando o empresário esteve no comitê da campanha em Brasília. O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações em 3 parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais", afirma nota da assessoria de Edinho.
"O ministro Edinho jamais tratou de assuntos relacionados a qualquer empresa, ou órgão público com o referido empresário. As contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral", completa a nota.
Na mesma linha, Mercadante disse, por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa da Casa Civil, que desconhece o teor da delação premiada de Pessoa, mas que recebeu 250 mil reais de doação da UTC para sua campanha derrotada ao governo de São Paulo em 2010 e outros 250 mil reais da Constran, empresa do mesmo grupo da UTC Engenharia, para a mesma campanha eleitoral.
"A empresa UTC, por ocasião da campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral", afirma a nota.
"A empresa Constran Construções, que pertence ao mesmo grupo, fez uma contribuição, também devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de 250 mil reais, conforme demonstrado em prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral", acrescentou.
De acordo com duas fontes ligada ao governo, que pediram para não terem seus nomes revelados, Mercadante e Edinho foram convocados por Dilma na noite desta sexta-feira para uma reunião no Palácio da Alvorada, mas essas fontes não souberam informar se a delação de Pessoa estaria no centro das discussões.
Em nota, o PT informou que todas as doações recebidas pelo partido aconteceram "estritamente dentro da legislação vigente e foram posteriormente declaradas à Justiça".
(Reportagem de Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello; Edição de Maria Pia Palermo)