Por Parisa Hafezi
ANCARA (Reuters) - Milhares de pessoas tomaram as ruas de Teerã nesta sexta-feira para chorar as mortes de 17 pessoas em dois ataques com bombas e armas de fogo na capital iraniana, e ecoaram as palavras do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, acusando a rival Arábia Saudita de envolvimento nos atentados.
Pessoas na multidão, algumas chorando, entoavam "Morte à Arábia Saudita", ao lado do mais costumeiro "Morte à América" e de frases contra Israel, e tocavam os caixões envoltos em bandeiras e cobertos de flores.
Homens-bomba e atiradores mataram 17 pessoas no Parlamento do Irã e perto do mausoléu do aiatolá Khomeini, o fundador da República Islâmica, na quarta-feira, em ataques raros na capital que exacerbaram tensões regionais.
Os militantes sunitas do Estado Islâmico assumiram a responsabilidade dos ataques contra o Estado xiita.
Em uma mensagem lida no funeral, o líder supremo do Irã disse que as agressões irão aumentar o ódio contra a Arábia Saudita, maior potência sunita da região, e contra os Estados Unidos.
"Isso (os ataques) não irá prejudicar a determinação de nossa nação de combater o terrorismo... mas só irá aumentar o ódio contra os governos dos Estados Unidos e seus serviçais na região, como os sauditas", disse Khamenei.
Riad negou ter qualquer envolvimento.
A multidão entoou "Deus é maior", e algumas pessoas carregavam fotos de Khamenei com a legenda: "Estamos prontos para sacrificar nosso sangue por você".
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, um pragmático mais aberto a contatos com o Ocidente, compareceu ao funeral ao lado de outros clérigos e autoridades. Ele disse que os ataques visaram a paz e a democracia, mas não chegou a culpar potências estrangeiras.
Os atentados aconteceram em um momento particularmente tenso na região, dias depois de Riad e outras potências sunitas cortarem laços com o Catar, acusando-o de apoiar Teerã e grupos militantes.
Os ataques foram os primeiros reivindicados pelo Estado Islâmico dentro do altamente controlado Irã, uma das potências que lideram os combates contra os militantes no Iraque e na Síria.
Na quinta-feira, o ministério da Inteligência iraniano disse que cinco dos agressores eram cidadãos iranianos recrutados pelo Estado Islâmico que lutaram em suas principais frentes de batalha no Iraque e na Síria.
Nesta sexta-feira, a pasta informou que 41 suspeitos foram presos e todo o país por sua ligação com os ataques.