BUENOS AIRES (Reuters) - Milhares de pessoas realizaram uma passeata nesta sexta-feira até a Praça de Maio, em frente à sede do governo da Argentina, para protestar contra as medidas tomadas pelo governo de Mauricio Macri, que encontrou uma forte resistência social aos seus planos econômicos.
Manifestantes andaram por pontes e avenidas de Buenos Aires para exigir mais postos de trabalho e a reversão do aumento das tarifas de serviços públicos impulsionado por Macri, com o qual procura equilibrar as contas.
"Eles querem que os trabalhadores aceitem gratuitamente, resignados, com a boca fechada, sem lutar que rebaixem o salário", disse Pablo Micheli, secretário-geral da Central de Trabalhadores da Argentina, em discurso.
"O que estão fazendo é aprofundar o ajuste", acrescentou.
Os principais sindicatos do país endureceram sua posição contra o governo em agosto e concordaram em unificar a Confederação Geral do Trabalho, a principal central de trabalho do país que até então tinha três partes.
Em meio a uma inflação alta, a terceira maior economia da América Latina está mergulhada em uma recessão --que provocou um aumento do desemprego--, devido à falta de investimento recebido pelo país durante o governo anterior de centro-esquerda, que mantinha amplas regulamentações sobre os mercados.
Após tomar posse em dezembro, Macri eliminou controles de câmbio e as restrições comerciais e deixou que o peso flutuasse livremente, o que impulsionou aumentos de preços e queda do poder aquisitivo dos trabalhadores.
Por sua vez, determinou reduzir os milionários subsídios energéticos e ao transporte, o que levou a aumentos acentuados nas taxas de luz, gás e água, uma iniciativa que acabou nas mãos da Justiça diante de reivindicações.
(Reportagem de Eliana Raszewski)