Por Yuri Kovalenko
VYSHNEVE, Ucrânia (Reuters) - Afetada por quase dois anos de guerra, Olena Ohiievych não perdeu tempo e começou a trabalhar nesta terça-feira diante dos destroços em seu apartamento deixados pelos últimos ataques aéreos da Rússia contra Kiev e subúrbios.
Estava frio do lado de fora e ficaria ainda mais.
"Não há mais janelas, nem varanda. As portas da varanda estão quebradas, as janelas de vidro e molduras em todos os quartos foram destruídas", disse Ohiievych, de 25 anos, que administra contas de redes sociais. "Vamos instalar alguma coisa, planejamos fazer algo sobre isso."
O ataque com mísseis e drones durante a noite foi a segunda grande ofensiva contra a capital em cinco dias, matando pelo menos duas pessoas e ferindo dezenas. Autoridades disseram que é provável que os ataques se intensifiquem.
Vestindo uma jaqueta de esqui rosa brilhante e cachecol, com temperatura abaixo de zero durante o dia, Ohiievich estava terminada a ficar em seu apartamento na periferia oeste de Kiev.
Um grupo de amigos foi convocado e já estava medindo as janelas.
"Meu plano é cobrir as janelas com filme hoje, se não der tempo, ficaremos com meus pais no interior", disse.
"Espero que, com um esforço coletivo, com meus amigos, consigamos, pelo menos pelos primeiros dias. Para que possamos ficar aqui quando estiver frio. E dormir aqui".
No pátio, os moradores examinavam os buracos de estilhaços na fachada do prédio de vários andares e carregavam um caminhão com vidros estilhaçados e esquadrias de janelas.
Ohiievich disse que se considerava sortuda por ter saído ilesa.
"O prédio começou a tremer assim", disse, gesticulando rapidamente. "Achei que iria desabar sobre si mesmo, que seríamos esmagados, que a parede atrás de nós cairia e seria isso."
Em segundos, os que estavam lá dentro, sentados no chão, estavam cobertos de poeira e incapazes de ver nada, mas ilesos.
"Esta parede provavelmente salvou nossas vidas", disse ela, olhando ao redor da sala. "A única coisa que desmoronou foi o estuque, só isso. Não teve estilhaço, graças a Deus, esse espelho não está quebrado, ficamos longe dele."
(Reportagem de Yuri Kovalenko e Stefaniia Bern)