Por Estelle Shirbon
LONDRES (Reuters) - Poucas mães que chegam em casa com um bebê recém-nascido querem uma multidão de fotógrafos clicando cada ângulo seu na porta do hospital, mas Kate, futura rainha da Inglaterra, deve lidar com a situação bizarra como uma profissional consumada.
Desde que se casou com o príncipe William em 2011, Kate aprendeu como ser uma princesa na era do noticiário 24 horas: sempre lindamente vestida, sorrindo para as câmeras, ela vem suportando um julgamento constante e não fez nada de polêmico.
O nascimento de seu segundo filho, esperado a qualquer momento, irá atrair um circo midiático como aquele que acolheu a chegada de seu primeiro, o príncipe George, em 2013, refletindo o interesse global no jovem casal da realeza e sua família.
É um estrelato muito peculiar. Sua imagem é onipresente nas primeiras páginas, os fãs a saúdam em cada aparição cuidadosamente orquestrada e as roupas que veste vendem imediatamente – mas Kate revelou muito pouco de sua essência.
"Ela é popular pela mesma razão que a rainha é. Ambas são pessoas que não dizem quase nada, mas nas quais as outras conseguem projetar o que gostam", disse Catherine Mayer, que escreveu sobre Kate para a revista norte-americana Time quando a princesa foi eleita como segunda Pessoa do Ano em 2011.
Mas existe um outro lado da fama erguida à base de beleza, glamour e o velho conto de fadas de se casar com um príncipe.
"É um tipo de cobertura incrivelmente invasiva que só as mulheres sofrem, e em algum momento isso irá mudar, porque é inevitável ela ficar mais velha", afirmou Mayer.
Um sinal prematuro disso surgiu em fevereiro, quando o Daily Mail, segundo jornal mais vendido da Grã-Bretanha e que também tem um dos maiores públicos leitores de língua inglesa na Internet, publicou uma imagem em close da parte de trás da cabeça de Kate em sua capa.
"Ah, Kate, com 33 anos já está com as raízes brancas?", indagou o diário.
Críticos dizem que a manchete solidária foi só um disfarce para uma foto nada elogiosa que alimentou obsessões doentias com saúde e beleza, sufocando as mulheres com expectativas incalcançáveis.
O FATOR DIANA
Sejam quais forem as notícias, Kate é imensamente popular. Uma pesquis da consultoria ComRes relizada entre 8 e 9 de abril revelou que 78 por cento dos entrevistados gostam da Duquesa de Cambridge, transcendendo gênero, idade, classe social e limites geográficos que dividem os britânicos em outros temas.
Só William, seu irmão mais novo, o príncipe Harry, e a rainha Elizabeth têm aprovação semelhante. Charles, o herdeiro do trono, e sua esposa, Camilla, ficam bem atrás.
A popularidade de Kate ajudou a restaurar o status da família real, abalada pelo escândalo do divórcio de Charles e de sua primeira esposa, Diana, nos anos 1990 e pela maneira questionável com que a realeza lidou com a morte de Diana em um acidente de carro em 1997.
Embora Kate esteja seguindo os passos da reverenciada Diana em termos de glamour e estilo, tem se mostrado um tipo de princesa muito difererente, como descreveu a premiada escritora Hilary Mantel em um ensaio.
"Diana conseguiu se transformar, indo de estudante desajeitada a rainha altiva, de assombração a amazona. Kate parece capaz de ser desde a noiva perfeita até a mãe perfeita, sem se perder pelo caminho", escreveu ela no suplemento London Review of Books.