BRASÍLIA (Reuters) - Se no sábado foi o presidenciável Aécio Neves(PSDB) quem tomou a iniciativa de se contrapor à adversária Marina Silva (PSB) e colocar-se como uma mudança segura, nesta terça-feira foi a vez da presidente Dilma Rousseff descarregar artilharia pesada contra a ambientalista em seu programa eleitoral obrigatório.
O vídeo exibido nesta terça pela campanha da candidata recorreu a momentos traumáticos da história política brasileira para questionar a governabilidade de uma eventual gestão de Marina.
"A base de apoio de Marina Silva tem hoje 33 deputados. Sabe de quantos ela precisaria para aprovar um simples projeto de lei? No mínimo 129. E uma emenda constitucional? 308", diz o locutor do programa de TV exibido em rede nacional.
"Como é que você acha que ela vai conseguir esse apoio sem fazer acordos? E será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?", continua.
"Duas vezes na nossa história, o Brasil elegeu salvadores da pátria, chefes do partido do eu sozinho. E a gente sabe como isso acabou", argumenta o locutor durante o programa, que faz referência a Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello, dois presidentes brasileiros que não chegaram a concluir seus mandatos.
A locução termina com a afirmação de que "sonhar é bom, mas eleição é hora de botar o pé no chão e voltar à realidade", uma referência indireta à candidata do PSB, cujos seguidores também são conhecidos como "sonháticos".
O programa de Dilma utilizou ainda trechos do debate da segunda-feira realizado por SBT, Jovem Pan, UOL e Folha de S. Paulo em que Dilma questiona as promessas de Marina.
No sábado, o candidato ao Planalto pelo PSDB já havia tecido críticas a Marina, contrapondo-se à candidata e colocando-se como a pessoa capaz de fazer uma mudança segura. Aécio repetiu nesta terça-feira o programa exibido no fim de semana.
Marina, por sua vez, trouxe um programa novo nesta terça em que reforçou seu discurso a favor de "uma nova maneira de se fazer política", acrescentando que essa nova forma reunirá apoios "em torno de um bem maior para o Brasil".
Com tempo de televisão reduzido, a ex-senadora apresentou sua proposta de implantar escolas de tempo integral em todo o país e também detalhou que sua promessa de destinar mais recursos para a saúde está contida em projeto de lei a ser aprovado pelo Legislativo.
"Tudo isso será possível se aprovarmos o projeto de lei do movimento Saúde Mais Dez, que destina 10 por cento da arrecadação bruta para a saúde", disse a presidenciável.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)