Por Bruce Wallace e Alister Doyle
PARIS (Reuters) - Negociadores chegaram a uma versão mais enxuta, porém ainda problemática, de um novo acordo climático nesta quarta-feira, após 11 dias de discussões, mas representantes de 195 países estão divididos a respeito de quão longe ir para deter o aumento das temperaturas globais, e de como pagar por isso.
"Fizemos progresso, mas ainda há muito trabalho a fazer", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, a delegados reunidos nos arredores de Paris, de quem se espera um pacto até sexta-feira. "Nada está acordado até que tudo esteja acordado."
Fabius afirmou que os participantes eliminaram 14 das 43 páginas do esboço anterior e resolveram dois terços de suas desavenças em relação à escrita, ação que Fabius disse "constituir um progresso".
Mas as diferenças restantes, relacionadas à linguagem do documento, refletem discordâncias fundamentais sobre que países deveriam arcar com os custos de se adotar um sistema de baixa emissão de carbono.
As nações em desenvolvimento estão exigindo que os governos ricos sejam obrigados a aumentar o financiamento climático em relação aos 100 bilhões de dólares anuais já prometidos a partir de 2020.
Os países mais ricos recuam diante dessa linguagem, que os obrigaria legalmente a fazê-lo, e estão pressionando por um plano alternativo que levaria à mobilização de recursos financeiros de fontes tanto privadas quanto públicas, e extraídos de uma variedade maior de nações doadoras, como a China e outros capazes de assumir isso.
Também continua a haver diferenças quanto ao que é conhecido como a "ambição" do acordo. Isso inclui a revisão e o endurecimento de promessas de ação futura voltadas à questão de quão rapidamente as emissões de carbono devem chegar a um teto e retroceder.
Ainda existem discórdias quanto à meta final do pacto: manter o aquecimento global em 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais ou 1,5 grau Celsius, valor que muitos cientistas afirmam ser a única margem segura.
"Nestes temas, peço a vocês que reforcem suas consultas para chegar rapidamente a soluções conciliatórias", pediu Fabius aos delegados.
(Reportagem adicional de Valerie Volcovici)