Por Jack Kim e Michelle Nichols
SEUL/NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A Coreia do Norte conduziu o seu quinto e maior teste nuclear nesta sexta-feira e disse que dominou a técnica para montar uma ogiva num míssil balístico, elevando a ameaça que rivais e as Nações Unidas têm sido incapazes de conter.
A explosão, realizada no 68° aniversário da criação da Coreia do Norte, provocou uma nova onda de condenações globais. Os Estados Unidos afirmaram que iriam trabalhar com parceiros para impor novas sanções e fizeram um chamado para que a China use a sua influência como principal aliado norte-coreano para pressionar Pyongyang a terminar com o seu programa nuclear.
Sob o comando de Kim Jong Un, de 32 anos e da terceira geração de líderes, a Coreia do Norte acelerou o desenvolvimento dos programas nuclear e de mísseis, apesar das sanções das Nações Unidas que foram intensificadas em março e isolaram ainda mais o país empobrecido.
O Conselho de Segurança da ONU condenou veementemente o teste nuclear e disse que iria começar a trabalhar imediatamente em medidas adequadas para aprovar resoluções. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao grupo de 15 membros para permanecer unido e tomar medidas "urgentemente para quebrar a aceleração da escalada espiral".
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou depois de falar por telefone com a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, e com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que eles concordaram em trabalhar com o Conselho de Segurança e outras potências para aplicar com vigor as medidas já existentes contra a Coreia do Norte e para tomar “passos adicionais significativos, incluindo novas sanções”.
O secretário de Defesa dos EUA, Ash Carter, pediu que se redobrasse a pressão internacional sobre a Coreia do Norte e citou o papel que, segundo ele, a China deveria assumir.
“É responsabilidade da China”, disse ele à imprensa durante visita à Noruega. “A China tem e compartilha uma responsabilidade importante em relação a esse desenvolvimento e tem uma responsabilidade importante para revertê-lo.”
A China declarou que se opõe firmemente ao teste e pediu que a Coreia do Norte interrompa qualquer ação que possa piorar a situação. Os chineses afirmaram que apresentariam um protesto à embaixada da Coreia do Norte em Pequim.
A porta-voz do Ministério do Exterior da China, contudo, não discutiu se o país apoiaria sanções mais duras contra os vizinhos norte-coreanos.
A Rússia, a União Europeia, a Otan, a Alemanha e o Reino Unido também condenaram o teste.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que os EUA se mantinham abertos para negociações “críveis e autênticas” sobre a desnuclearização da península coreana, mas acrescentou que a Coreia do Norte havia mostrado que não ser um parceiro com credibilidade num diálogo. As negociações envolvendo as Coreias do Norte e do Sul, os Estados Unidos, o Japão, a Rússia e China foram interrompidas em 2008.
A Coreia do Norte, que classifica a Coreia do Sul e os EUA como seus principais inimigos, afirmou que seus “cientistas e técnicos realizaram um teste de explosão nuclear para avaliar o poder de uma ogiva nuclear”, segundo a agência de notícias oficial KCNA.
O teste mostrou que a Coreia do Norte é capaz de montar uma ogiva nuclear num míssil balístico de médio alcance, disse Pyongyang.
As declarações norte-coreanas de que o país é capaz de miniaturizar uma ogiva nuclear nunca foram verificadas de forma independente.
Os testes contínuos, apesar das sanções, representam um desafio para Obama nos últimos meses do seu governo e podem se tornar um fator nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro, um problema que será herdado por quem sair vitorioso.
"Sanções já foram impostas sobre quase tudo que é possível. Sendo assim, a política está num impasse”, afirmou Tadashi Kimiya, professor da Universidade de Tóquio, especialista no tema.
"Na realidade, os meios pelos quais os EUA, a Coreia do Sul e o Japão podem colocar pressão na Coreia do Norte chegaram ao limite”, completou.
(Reportagem de Jack Kim, Ju-min Park, James Pearson (LON:PSON), Se Young Lee, Nataly Pak e Yun Hwan Chae em Seul; reportagem adicional de Ben Blanchard em Pequim, Kaori Kaneko e Linda Sieg em Tóquio, Kirsti Knolle em Viena, Doina Chiacu, Idrees Ali e Eric Beech em Washington, Michelle Nichols nas Nações Unidas, Phil Stewart em Oslo)