Por Jeff Mason e Ayesha Rascoe
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu início a uma última tentativa de persuadir o Congresso a fechar a prisão militar da Baía de Guantánamo, em Cuba, mas os parlamentares, que se opõe à realocação de detentos em solo norte-americano, deram o assunto como natimorto.
Nos comentários que fez na Casa Branca, o democrata Obama clamou o Congresso de maioria republicana a "dar uma chance e ouvir" sua proposta. Ele disse que não quer deixar o problema para seu sucessor a partir de janeiro do ano que vem.
O plano do Pentágono propõe 13 locais em potencial nos EUA para a transferência dos detidos ainda em Guantánamo, mas não identifica as instalações nem recomenda alguma em particular.
"Analisaremos o plano do presidente Obama", disse o republicano Mitch McConnell, líder da maioria no Senado. "Mas, como ele inclui trazer terroristas perigosos para instalações em comunidades dos EUA, ele deveria saber que a vontade bipartidária do Congresso já se expressou contra essa proposta."
O republicano Paul Ryan, presidente da Câmara dos Deputados, disse que Obama ainda não convenceu os norte-americanos de que levar prisioneiros para os EUA é inteligente ou seguro.
Fechar a prisão foi uma das promessas de campanha do então candidato Obama em 2008. Os prisioneiros foram detidos no exterior quando os EUA se envolveram em guerras no Iraque e no Afeganistão em reação aos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington. Anos atrás, Guantánamo se tornou um símbolo de práticas de detenção agressivas que deram ensejo a acusações de tortura.
"Vamos seguir em frente e encerrar este capítulo", pediu Obama.
"Manter esta instalação aberta é contrário aos nossos valores... é visto como uma mancha em nosso histórico mais amplo de manutenção dos padrões mais altos do império da lei", afirmou.
Obama está cogitando agir unilateralmente e recorrer a uma ordem executiva para fechar a prisão, situada em uma estação naval dos EUA no sudeste de Cuba, se o Congresso não aprovar as transferências para o território norte-americano. Os republicanos se opõem ao recurso a uma ordem executiva.
A prisão, que Obama disse já ter abrigado quase 800 detentos, hoje tem 91 prisioneiros. Cerca de 35 serão transferidos para outros países este ano, deixando o número final abaixo de 60, disseram autoridades.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, David Morgan e Matt Spetalnick)